O Benfica no cardápio futebolístico está em alta. Lidera a Primeira Liga, na Liga Europa passou aos quartos de final, e está a um passo do Jamor. Ontem, Jesus foi forçado a poupar os centrais titulares, já que estes estavam lesionados. Fez descansar Lima e só utilizou Cardozo e Maxi por alguns minutos. Portanto, perante o Bordéus quase meia equipa ficou de fora nesta científica gestão de Jesus.

No futebol o que define as vitórias são os golos. As águias só precisavam de marcar um golo para continuarem na Liga Europa. Mas, afinal, marcaram três. Dizem que os golos são o sal e a pimenta deste internacional e apetitoso prato. Mas isso muitas vezes depende de como o chefe principal principal distribui a equipa de cozinheiros que o confeciona.

Jesus escalonou o grupo num inabitual 1x4x3x3. A estratégia era aproveitar o contra-ataque para marcar pelo menos um golo, mas ao mesmo tempo visava evitar sofrê-los. É verdade que o Bordéus durante meia hora pressionou e empurrou o Benfica para o seu meio-campo.  

Mas a tarefa defensiva, apesar de alguns sobressaltos, foi resolvida a contento. Se a missão de Artur era evitar que os cozinheiros franceses marcassem, ele atuou e garantiu «golos só na outra baliza», negando-os por quatro vezes. Os dois laterais viram-se às aranhas ao depararem-se simultaneamente com dois adversários na sua zona. Dado que nem Salvio, nem Ola John os ajudavam a defender. Da inédita dupla de centrais temia-se que não se entendessem, mas não comprometeram. No meio-campo, Jesus entregou as tarefas defensivas a Matic e Enzo, os quais serviram de primeira barreira na proteção aos lances ofensivos do Bordéus.

Na preparação de elaborar, servir, e colocar os vários ingredientes ao paladar, odos tentaram agradar, mas neste serviço uns estiveram mais inspirados do que outros. Gaitán foi o grande organizador na preparação dos lances de ataque do Benfica. Ofereceu um golo de bandeja a Salvio e outro a Cardozo. Outro elemento que serviu muito bem foi Melgarejo, que forçou o canto do qual saiu o primeiro golo e no terceiro solicitou Cardozo de forma primorosa. Matic, Enzo e Ola John decoraram exoticamente os pratos.  

Os golos acontecem pela inspiração, pela técnica, e pela inteligência dos jogadores. E muitas vezes por lances casuais e erros caricatos. Neste jogo o protagonista (no bom e no mau) foi Jardel, ao interferir em três dos golos. Inaugurou o marcador com as costas, e colaborou nos dois golos dos gauleses. Porém, Cardozo foi o cozinheiro-mor pela forma como preparou os golos que marcou, e pela faceta técnica que lhe desconhecíamos. Brilhante, o modo como ludibriou os adversários ao simular os remates e a serenidade com que finalizou.