Não sou apologista do chamado “trinco”, que também é apelidado por alguns, como sendo médio defensivo. Mas que eles existem por esses clubes fora é uma realidade, e contra factos não há argumentos. No futebol, quando surge uma novidade, de repente todos os treinadores a imitam. (Por onde andam a imaginação e as ideias?) Para alguns, o “trinco” é oriundo do Brasil, onde é chamado de “cabeça de área”, por o seu habitat estar próximo da meia-lua da grande área.
Em Portugal, José Maria Pedroto, recuou um dos médios e este tinha como função construir e organizar o jogo atacante. Rodolfo era o veículo de ligação defesa- ataque. Hoje, ao invés, o tal médio mais recuado tem a missão de defender e destruir.
Fiquei hoje a saber pela comunicação social e até por alguns treinadores que o “trinco” não tem liberdade de ação ofensiva. É por isso que lhe chamam médio defensivo. Se calhar existem médios que só defendem e outros que só atacam. Lá se vai a máxima dos princípios defensivos, a qual sugere que quando uma equipa não tem a bola todos os jogadores defendem. Um treinador até escreveu que a entrada de Matic libertou o “prisioneiro” Witsel. E outro disse que com a entrada de Matic apareceram os mecanismos.
Parece que Witsel na Bélgica jogou a lateral e a “trinco”. No Benfica, quando jogou como lateral, passou l(a)iteralmente ao lado da dupla produtividade, defesa-ataque. Jesus fez quase mea culpa, ao afirmar no final do jogo que «Witsel era mais ofensivo e com Matic foi mais fácil». Então se era mais fácil, leia-se mais útil, porque não se optou inicialmente por essa dupla.
Mesmo com Javi Garcia é óbvio que o Benfica é mais forte nas ações atacantes do que na recuperação defensiva. Primeiro pelo dispositivo tático atacante que muitas das vezes se aproxima do 4x2x4, e por isso se a equipa perde a bola, fica desnivelada a defender e mais fica quando um dos médios que é mais atacante de raiz, não tem vocação para desarmar.
A segurança defensiva depende da velocidade dos jogadores. Ontem com um meio campo onde é notória a falta de velocidade de recuperação de Carlos Martins e de Witsel, e por vezes o esquecimento dos médios alas de se deslocarem para as fronteiras do corredor central. O Benfica passou por momentos aflitivos a defender, e se o Nacional tivesse concluído com êxito as três oportunidades que criou, quando o resultado ainda estava 0-0, não sei não.
O Benfica foi um justo vencedor mas passou por vários sustos por culpa própria. E por mérito do contra ataque do Nacional, o qual dispôs de quatro setas que ultrapassaram o meio campo e defesa com uma facilidade surpreendente. E se Carlos Martins não se tivesse lesionado? Se o Benfica a defender esteve periclitante, já o mesmo não se pode dizer do seu jogo ofensivo, pois mais uma vez impôs a sua qualidade!
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