As previsões não são antecipações de conclusões, pois estas em futebol são imprevisíveis. Inicialmente, analisando os grupos das nossas equipas presumi que os mais complicados eram o do Estoril e o do Vitória de Guimarães. No do Paços de Ferreira só a Fiorentina era um concorrente à altura.
Os canarinhos são uma equipa bem estruturada e apesar de se bater muito bem com os adversários como Sevilha, Freiburg e Slovan Liberec, não conseguiram contrariar a lógica. O Vitória de Guimarães ao conquistar quatro pontos nos primeiros dois jogos perspectivou sinais de alterar as previsões, mas daí para cá em três jogos somou apenas um insuficiente ponto.
O Paços de Ferreira vindo da Liga dos Campeões, e porque tinha o grupo mais acessível, foi a grande decepção com o mau início de época pautada com oito derrotas consecutivas que marcaram tanto a equipa como o treinador. Mas mesmo assim os castores poderiam, e deveriam, classificar-se em segundo lugar do grupo onde Dnipro e Pandurii eram equipas acessíveis.
Esta campanha europeia mostra que o nosso futebol de clubes está em declínio. Os jogos do Paços realizados ali ao lado em Guimarães estiveram às moscas, o que é uma tristeza. Isto, para além da crise económica, reflecte a desilusão e o desinteresse dos adeptos.
Tudo indica que Porto e Benfica, por não apresentarem um futebol salutar, vão ser desligados da máquina de fazer dinheiro enquanto que o trio da Liga Europa já foi desligada da máquina do “bodo aos pobres”.
Durante a fase decisória do campeonato, os clubes entram numa compreensível euforia por um lugar na Liga dos Campeões e na Liga Europa. Mas façam o favor de organizar e preparar as equipas para estas exigentes competições para não fazerem esta triste figura de quase corpo presente.
Duas equações marcam esta presença: a económica e a auto-estima. A rentabilidade financeira é menor ou maior consoante os resultados desportivos, mas também é importante defender o prestígio alcançado pelas equipas portuguesas nestas duas competições. Claro que para as finanças dos clubes ficar-se por aqui é pouco com Porto e o Benfica a auferirem à volta de 11 milhões de euros, o que fica muito aquém do idealizado. Mas para além disso há uma história, uma imagem e um nome a defender.
O Paços recebeu 2,5 milhões por disputar o Play-Off na Liga Milionária e pelo menos 200 mil euros na Liga Europa. O que é muito bom para os cofres do clube, mas como imagem é muito mau passar da Liga dos Campeões para último de um grupo onde deveria classificar-se.
O Vitória de Guimarães já garantiu meio milhão de euros e pode aumentar esta quantia para 700 mil euros. Garantiu, como quem diz, pois a resposta tem-na o Fair-Play financeiro. O Estoril vai em 300 mil euros e ainda pode vir a auferir meio milhão.
A Liga Europa, dada a diferença abismal dos prémios que distribui, pode ser considerada como uma espécie de “bodo aos pobres”, pois para clubes com orçamentos baixos estas quantias fazem um jeitão.
Como se vê na Europa do futebol também existem os poderosos e os frágeis. E tal como os mais fortes e sólidos governos que desejam continuar a gerir à sua vontade esta desunida, mas chamada União Europeia, também a riquíssima UEFA gere o futebol à sua maneira. Mas a instituição que rege o futebol europeu tem de rever os prémios da Liga Europa, os quais são miseráveis em comparação com os da Liga dos Campeões, para evitar que os clubes mais necessitados face aos tostões que recebem desistam da Europa.
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