Se Jesus, perante os alemães do Leverkusen, estrategicamente elaborou um plano mais defensivo para aproveitar os lances de ataque rápido para surpreender os alemães, já ontem, quem assistiu ao Benfica-Paços de Ferreira constatou que foi uma exceção, dado que a habitual filosofia atacante e dominadora do Benfica regressou.
E certamente com exceção do próximo jogo a disputar no Dragão para o qual Jesus poderá ter de arquitetar uma estratégia diferente, nos restantes jogos do campeonato, o ADN futebolístico do Benfica não precisa ser alterado para se superiorizar e derrotar aos seus mais que acessíveis opositores.
Apesar do Paços de Ferreira ser a equipa sensação, a realidade mostra-nos que nos confrontos com os grandes se torna numa presa fácil. Na Luz, defendeu mal, nunca compreendeu as inesperadas movimentações dos jogadores do Benfica. Exemplo: no lance do primeiro golo, Sálvio infletiu, Ola John solicitou o passe, depois entregou a bola a Lima, que por sua vez a devolveu a Sálvio, que inteligentemente a ofereceu a Enzo, e este culminou esta vistosa, excelente e eficaz jogada coletiva. Também em termos de ataque os Castores não existiram.
Há quem afirme que a tática não resulta sem a técnica. Aprovo e acrescento que para a tática resultar, também é fundamental que os jogadores estejam bem preparados física e psicologicamente. Reunidas todas estas vertentes, o que faz a diferença é a forma como se gere a recuperação física e psicológica dos jogadores que jogam três vezes por semana. Só em Portugal é que se fala em sobrecarga. Por essa Europa fora essa questão não se coloca!
Isto vem a propósito das afirmações contraditórias e provocatórias dos treinadores que lideram o campeonato. Para Jesus a prioridade é o campeonato. Para Vítor Pereira os jogos desta prova não afetam a competição internacional. Claro que neste período, das sete jornadas que faltam até ao decisivo jogo do sim ou sopas a realizar no Dragão, os discursos serão cada vez mais inflamáveis. Contudo, ambos já deixaram a entender que os jogos europeus, não matam mas moem.
Mas no futebol os objetivos nem sempre se concretizam, por isso não se pode desejar o incerto nem menosprezar o possível. Neste momento, todos os títulos estão ao alcance de Porto e Benfica. Jesus pode ganhar o campeonato, vencer a Liga Europa, as duas Taças. A de Portugal e da Liga. Vítor Pereira está na mesma posição, pode ser campeão, ganhar a Liga dos Campeões e a Taça da Liga.
Quanto ao campeonato, mesmo que qualquer equipa tenha um deslize de percurso, tudo indica que a decisão será resolvida no Dragão. Até ao decisivo confronto, os líderes com maior ou menor dificuldade ultrapassarão todos os obstáculos. Sobretudo se marcarem primeiro, tal como aconteceu ao Benfica, nesse caso o cansaço físico-emocional desaparece, surge a confiança e o jogo flui naturalmente. Se o adversário marcar primeiro, como no caso do Rio-Ave, a pressão gera apreensão, aumenta a ansiedade, e o desgaste psicossomático deixa marcas!
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