Confirmámos que a evolução de qualidade de jogo do Sporting frente ao Vitória de Guimarães, no qual realizou vinte minutos prometedores, auguravam a continuidade de bom futebol. Porém, expectantes, adiantámos que íamos aguardar para ver. Pois os próximos adversários eram bem mais difíceis e poderiam criar mais dificuldades do que os últimos quatro.

O jogo de Vila do Conde veio demonstrar que o Sporting continua ainda indefinido. Alterna momentos em que parece que vai embalar, como foi o caso de ontem, após inaugurar o marcador e até ter falhado o segundo golo, com períodos de descontrolo oriundos de uma falta de identidade e de confiança.

A equipa do Rio Ave, em Vila do Conde, era uma equipa mais que acessível, mesmo para este Sporting. Os números falam por si, para o campeonato até ontem, só tinha vencido um jogo frente ao Nacional, por 2-0. De resto, empatou três jogos e perdeu outros três. É uma equipa mais produtiva fora do que em casa, até a este jogo tinha como anfitrião somado seis pontos, e dezasseis fora. Mas ou o Sporting não idealizou a estratégia de o surpreender, ou a moralização de já ter derrotado os leões por duas vezes galvanizou o Rio Ave?

O jogo até começou da melhor maneira para os leões, aos sete minutos, numa jogada perfeita, Capel serviu Jeffrén e este inaugurou o marcador. Mais tarde Jeffrén teve oportunidade de dilatar o marcador quando, após passe perfeito de Adrien, ficou isolado frente a Oblak.

Contudo, é preciso dizer que o Rio Ave também criou situações para marcar. Logo de início, por Tarantini, que em dois cantos consecutivos fez Rodriguez obrigar Rui Patrício a mostrar que é um dos melhores guarda-redes, e após a marcação do canto seguinte, um defensor leonino evitou em cima do risco de baliza o golo do empate. Tarantini empatou após ressalto em Joãozinho que enganou Rui Patrício, e ainda mais tarde Bebé viu o guardião titular da seleção negar-lhe o golo.

O jogo na primeira parte foi aceitável dada a emoção vivida com os golos e com as oportunidades criadas. Mas na segunda o futebol do Sporting desapareceu. Voltaram os mesmos defeitos. Apatia ou falta de motivação? Futebol lento e sem dinâmica; o meio campo que não imprime velocidade; as saídas desorganizadas para o ataque (o Sporting não criou uma oportunidade nos últimos 45 minutos). As recuperações defensivas nem sempre funcionam porque os jogadores não pressionam. O desaproveitamento quase total das caraterísticas de Wolswinkel.

O futebol é um jogo de sorte e de azar e o Sporting pode queixar-se do infortúnio do modo como sofreu os golos e da forma como desperdiçou o possível segundo golo. Porém, o Rio Ave em dois cantos consecutivos também se pode lastimar das bolas não terem entrado.

«Trabalho e tempo é preciso». Todos os treinadores leoninos desta época têm dito esta frase. Só que ou não trabalharam bem ou não aproveitaram o tempo. Vamos lá, mãos à obra. Já é tempo de colocar o Sporting num lugar mais compatível com o seu potencial.