O futebol do Benfica nestes dois últimos jogos não manteve o nível qualitativo dos antecedentes. A velocidade baixou de ritmo e de dinâmica. Não é de estranhar que na primeira parte, o caudal ofensivo das águias, para além da excelente execução de Enzo Perez no golo inaugural e do falhanço imperdoável de Rodrigo, não criou mais situações para marcar. Comparado com o que nos habituou esta produtividade foi muito escassa.
Jesus no final do jogo disse que «Temos de ver que no mês de Janeiro, realizamos oito jogos». Esta poderá ser a causa de alguma fadiga física? Em Portugal talvez, porque noutros campeonatos europeus jogar três vezes por semana é normal. Aliás Jesus tem conhecimentos de fisiologia de esforço suficientes para saber dosear nos treinos as ligeiras cargas de recuperação.
Seja como for, ontem o golo madrugador criou a ilusão nas bancadas que o Benfica iniciava uma goleada das antigas, mas vá-se lá saber porquê a equipa em vez de despertar, continuou (sono)lenta. A inspiração individual na maioria dos elementos esteve ausente. Erraram-se passes a mais. Abusou-se no individualismo. As saídas para o ataque não tinham a melhor continuidade, Ola John “cruzava” por alto, mas sem Cardoso os centros goravam-se. A mecanização entre Maxi e Sálvio quase só funcionou na excelente jogada do primeiro golo.
Sabemos que a equipa de Jesus habitualmente gera padrões de excelência futebolística. Contudo a imagem recente não é compatível com as anteriores exibições. Com Matic, as saídas para o ataque fazem-se pelos corredores laterais, onde o futebol se torna mais fluente e eficaz. Ontem, Jesus tentou que a evolução atacante fosse mais canalizada pelo corredor central, dado que jogou com dois arietes.
Mas, apesar desta estratégia não ter resultado em termos de ligação e exibição coletiva, acabou por funcionar excecionalmente nos três golos. Enzo Perez exibiu-se como ainda o não tinha feito esta época. Já contrariamente, o jovem André Gomes falhou demasiados endossos até que Jesus teve de o chamar à atenção para que servisse os dois pontas de lança. Os dois últimos golos também foram elaborados no corredor central. Embora, não tirando o mérito aos marcadores, os centrais de Setúbal não ficaram isentos de culpas.
Porém, quando se altera o plano de jogo é importante que a esquematização da equipa seja bem trabalhada de forma a que a relação entre os jogadores funcione. As várias movimentações combinadas entre aos arietes, não apareceram, à exceção da jogada do terceiro golo.
Nesta corrida para o título é importante manter o mesmo fulgor. Claro que as ausências de Matic, Malgarejo, Gaitan e Cardoso também contribuíram para esta exibição lenta e descolorida do Benfica, mas também foi evidente a fadiga apresentada pela equipa. Mas há que recuperar, porque esta Maratona a dois não se compadece com acidentes de percurso.
Comentários