"Era uma vez...um país onde só jogam três..."
Esta poderia ser uma história de encantar mas é basicamente a história do futebol português.
Mais um fim de semana de jogos, mais uma jornada e o fim é mais previsível do que o da saga do "Twilight".
Os três grandes jogam, os três grandes vencem.
Na sexta-feira, o Sporting, que durante a semana foi atingido por um furacão Amorim, entrou meio trémulo mas ganhou por 5 a 1 ao Estrela da Amadora. São 10 jogos com igual número de vitórias.
O que é assustador no meio deste jogo, é que o Estrela da Amadora fez um bom jogo. Como é possível uma equipa fazer um bom jogo e ainda assim levar 5?!
O Sporting foi igual a si mesmo, ataque, ataque e ataque e o Estrela sentiu na pele o fulgor Viking de Gyokeres que mostrou a Amorim, que vá para onde for, não irá ter outro igual.
O jogo de Alvalade também foi daqueles em que no final se falou mais do futuro de Amorim em terras de sua Magestade do que propriamente do jogo em si.
Amorim, que faz praticamente um "remake" da sua transferência para o Sporting, vai deste modo emigrar para Inglaterra, onde tentará pôr ordem numa casa, que em vez de um treinador, precisava de uma corporação de bombeiros.
A última vez que Amorim fez isto, duas semanas depois iniciamos o confinamento por causa da Covid19, esperemos que não se volte a repetir.
No sábado o Benfica foi ao Algarve jogar com o Farense. O jogo foi no São Luís? Claro que não, no campeonato dos três grandes, o Farense decidiu, tal como havia feito com o Sporting, jogar no Estádio do Algarve. Isso é bom para quem? Para os do costume.
Ainda assim o Benfica tremeu, esteve a perder por uma bola a zero mas o mágico turco com duas assistências, uma para o tenor Carreras e outra para o helénico Pavlidis deu a volta ao jogo.
Um jogo onde o Benfica consegue pela terceira vez desde que Lage assumiu a liderança da equipa dar a volta a um resultado. A equipa encarnada parece a ex-mulher de um amigo meu, acaba sempre por lhe dar a volta e voltar para ele, portanto neste momento nem sei se ela será ex, actual ou futura ex.
No Estádio do Dragão o F.C Porto recebeu e goleou o Estoril por 4 bolas sem resposta.
Um jogo onde mais uma vez, o adversário extendeu a passadeira ao adversário, além de já ser difícil jogar de igual para igual, o Estoril decidiu ainda oferecer um golo ao adversário, numa assistência incrível do seu central. Imaginem uma pessoa a dar a chave de sua casa a um bandido e a dizer-lhe:
"Podes roubar, é tudo teu, mas quando sair deixa a chave em cima do frigorífico, isto é, se não levar o frigorífico claro. Já agora se o levar, tem cerveja fresquinha lá dentro, beba antes que é para não ir tão pesado."
A equipa azul venceu, convenceu e segue a sua perseguição ao líder Sporting.
Já pensaram, que com a excepção dos deslizes do Benfica nos dois primeiros jogos fora, mais por demérito deste do que mérito dos adversários, nenhuma equipa consegue tirar pontos aos três grandes?
Isto para uma Liga que é patrocinada por uma Casa de Apostas deve ser constrangedor. A imprevisibilidade é que gera lucros, a competitividade é que faz os apostadores errarem.
Para ajudar à festa, para a semana, na mesma jornada jogam os quatro primeiros entre si, que é só para haver uma semana assim mais competitiva, estão a ver?
As condicionantes do sorteio são tão grandes, que estes jogos calham quase sempre nas mesmas jornadas, o que também é chato para caraças.
É o futebol que temos, e possivelmente o futebol que merecemos.
Há emoção? Há, a mesma que o Leonardo Di Caprio tem ao olhar para uma mulher acima dos 30 anos.
Num país onde só jogam três, há um jogo ou outro interessante por mês.
Será que a distribuição dos direitos televisivos poderá alterar alguma coisa ou iremos continuar a assistir a um campeonato cada vez mais, tal como a sociedade, totalmente polarizado.
Comentários