A época desportiva vai caminhando para o seu fim e está na hora de muitos julgarem e avaliarem o seu trabalho, o trabalho dos outros, com quem trabalham ou dos adversários. Analisam-se números e processos, uns mais mensuráveis que outros. Os treinadores como quase sempre nestas histórias, são os mais julgados e muitas das vezes sem critérios e indicadores fiáveis.  

Para o treinador é uma dupla e árdua tarefa. Ser avaliado muitas das vezes sem rigor e ele próprio se autoavaliar com os indicadores que considerar pertinentes. Quanto à primeira situação pouco pode fazer. No segundo caso, deve ter um conjunto de objetivos bem definidos.

O treinador avalia-se nos resultados que os seus atletas e as suas equipas atingem. Porque é a expressão do seu trabalho. Mas também deve ter objetivos de desenvolvimento de competências que apenas a ele diz respeito, mas claro está, que vão influenciar pela positiva o trabalho interpessoal.

O treinador dificilmente consegue dominar todas as vertentes de ser treinador. Se pensarmos que um treinador deve ter conhecimentos em áreas tão vastíssimas como a técnica relativa à sua modalidade, tática, componente física do treino e do atleta / equipas e ainda a vertente comportamental do seu papel, de como se comportam os grupos e os atletas, estas quatro variantes criam dezenas ou centenas de ligações que compreender tudo e todos a 100 % torna-se numa missão quase impossível.

O treinador deve ter um excelente autoconhecimento dado que isso lhe permite saber quais as áreas que domina, as que precisa de aumentar e melhorar e outras que deverá resguardar-se por não as dominar. Cruzando estas temáticas e olhando para a Liga de Futebol deste ano, destacaria de muito interessante os comportamentos de Marco Silva e Nuno Espírito Santo. Um porque foi contra aquilo que tem sido regra nas nossas Ligas, que é surpreender duas vezes. E o técnico do Rio Ave porque consegue de forma muito tranquila manter desempenhos elevadíssimos para a sua equipa.

Jorge Jesus surpreendeu porque alterou padrões comportamentais. E não foram assim tão poucos. Comunicação, gestão do grupo e acima de tudo, o convívio externo com a equipa com diversas vezes a comemorar e a confraternizar. Leonardo Jardim, talvez porque esteve num clube mediático, deu-se a conhecer um treinador com bastante personalidade e muita capacidade de desenvolver os seus atletas.

Manuel Machado que continua a diferenciar-se pela forma como se expõe e relaciona com os agentes! Para Pedro Martins que deixou um enorme legado na Madeira. Outros mais desempenharam boas campanhas certamente. Com tempo, voltaremos a eles!