Sabe-se que por vezes a arbitragem influi no resultado final. E esta influenciou. Por isso é a polémica de momento. Não só na marcação dos penalties como noutras situções. Contudo não vou escalpelizar a exibição da arbitragem, mas sim analisar tecnicamente o jogo.
Em Coimbra, o Benfica, e ao contrário de Glasglow, voltou a ser uma equipa de filosofia de ataque. Alterou o modelo de jogo de um 4x3x3 específico com maior pendor defensivo para o jogo da Liga dos Campeões para um 4x4x2 com uma envolvência atacante que rapidamente se transformava num 4x2x4. Esta estratégia nos primeiros 15 minutos esteve quase perfeita, só faltou a concretização das oportunidades perdidas.
Esta mudança aconteceu porque, como se sabe, 75% das iniciativas ofensivas dos encarnados iniciam-se pelos corredores laterais. Melgarejo face à sua origem de ex-atacante tem tendência para avançar pelo seu corredor. Mas o mais expressivo foi o regresso de Maxi Pereira, o qual pede meças em termos atacantes a qualquer médio ala. Também foi determinante o ótimo entendimento entre Sálvio e o uruguaio. Outra modificação significativa foi a de jogar com dois pontas- de -lança.
Com a colocação de Rodrigo e Cardozo na frente de ataque, os cruzamentos e os passes passam a ter dois destinatários. Por isso não admira que, como antes se disse, o Benfica poderia no primeiro quarto de hora estar a vencer por 0-3. Contudo a execução defeituosa dos arietes deitou tudo a perder. No futebol para além de criar as oportunidades é preciso concretizá-las. Se estas fossem concluídas em golos qual seria o resultado final?
Contudo, o pendor atacante do Benfica terá de ser mais uniforme. Faltam iniciativas pelo corredor central. Com dois avançados mais centralizados é preciso que o meio campo seja mais criativo, tenha mais variabilidade de passe, seja mais rápido a executar e que exista melhor entendimento entre os pontas de lança. Pois tal aconteceu ontem. O Benfica dominou contra onze e contra dez, só não sufocou a Académica por ansiedade e inoperância das jogadas de pré finalização.
Nesse período, os da Luz abusaram dos cruzamentos e o jogo pelo meio, que é o mais indicado nestas situações, foi escasso. Pedia-se nessa altura mais discernimento entre os dois arietes. Mais movimentação em função um do outro, para a criação de espaço de penetração para o colega ou para integração dos médios.
O Benfica tem neste momento três pontas de lança, e aquele que menos tempo atuou, fez o único golo de bola corrida. Um golo excelente que se pode chamar Pé de laranja Lima. Lima é dos três o mais esclarecido, o mais inteligente nas movimentações e o mais expedito na finalização.
Todavia, a defesa do Benfica nos poucos momentos em que a Académica saiu em contra ataque, não esteve bem. Os golos da Académica devem-se à má colocação dos defesas em função dos atacantes e, também, a precipitação e a impetuosidade dos intervenientes estiveram na origem dos penalties?
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