Chelsea, Manchester City, Manchester United, Paris Saint-Germain, Juventus, Barcelona, Arsenal, Liverpool, Tottenham. Todos estes clubes gastaram mais (em alguns casos, bem mais) que o Real Madrid nos últimos 10 anos em novos jogadores. No entanto, durante esse período, foram os merengues que conquistaram cinco Ligas dos Campeões, exatamente metade das que foram disputadas desde então. Porquê? O segredo, a meu ver, está na forma como o emblema da capital espanhola atua no mercado.

Não conheço mais nenhum clube, pelo menos entre os principais da Europa, que consiga, simultaneamente, contratar algumas das maiores promessas do futebol mundial – basta ver os casos de Vincícus Jr., Rodrygo, Eduardo Camavinga, Aurélien Tchouaméni, Jude Bellingham, Arda Güler ou, mais recentemente, Endrick -, mas também dotar a equipa da tão necessária experiência que pode ser decisiva nos momentos mais importantes. E se os jovens que referi obrigaram a investimentos financeiros, em alguns casos, bastante significativos, o mesmo não se pode dizer das contratações de Antonio Rüdiger ou David Alaba, que chegaram a custo zero e foram fundamentais para o setor defensivo da equipa de Carlo Ancelotti.

Surpreendentemente, foi também numa transferência livre de encargos que Kylian Mbappé chegou ao Santiago Bernabéu. E, aqui, há que elogiar a paciência de Florentino Pérez, que resistiu à tentação de o contatar no ano passado ao PSG e soube esperar que o seu contrato com os franceses chegasse ao fim. Mesmo estando o Real Madrid com uma saúde financeira invejável, como o comprovam a recente remodelação do seu estádio e até a própria contratação de Bellingham, há um ano, por mais de 100 milhões de euros. Mbappé vai receber um prémio de assinatura chorudo, logicamente, mas os blancos evitaram uma negociação com o PSG e tiveram de falar, única e exclusivamente, com o jogador.

Na sua primeira passagem pelo Real Madrid, Pérez não olhou a meios para construir uma equipa recheada de estrelas – quem não se recorda dos saudosos ‘Galácticos’, que conquistaram duas Champions em três anos com nomes como Zinédine Zidane, Luís Figo, Raúl ou Roberto Carlos, só para dar alguns exemplos? Mas os tempos mudaram, e o presidente do Real Madrid soube adaptar-se às novas exigências. Não é que tenha deixado de fazer contratações bombásticas. Aliás, poucos meses depois de ter regressado ao cargo, bateu o recorde mundial de transferências quando foi buscar Cristiano Ronaldo ao Manchester United, por 94 milhões de euros. E, pelo meio, até teve alguns percalços, como foi a contratação de Eden Hazard ao Chelsea, por 120 milhões. Mas o que vemos atualmente é um Real Madrid cada vez mais ponderado e, sobretudo, assertivo na hora de contratar. Todos erram, mas os blancos fazem-no menos vezes que os restantes.

Fazer o que os merengues têm feito não é fácil, e o trabalho levado a cabo pelo clube nos últimos anos tem dado frutos que ganham, naturalmente, maior dimensão com as conquistas europeias, alcançadas perante as restantes melhores equipas do mundo, mesmo com algumas delas a investirem quantias significativamente superiores em reforços.

A verdade é que, no futebol, há o Real Madrid e, depois, há os outros. É por isso que digo que os madrilenos não são apenas campeões da Europa; são também os grandes campeões do mercado de transferências dos últimos anos.