O FC Porto e o SL Benfica continuam de braço dado na frente da classificação e distanciaram-se do Sporting de Braga. O Sporting Clube de Portugal bateu o seu homónimo de Braga, e para já parece iniciar outro ciclo. Um ciclo positivo que recupere futebolisticamente o seu lugar histórico no futebol nacional. Como um dos três grandes do país.
O FC Porto venceu a Académica com relativa facilidade. A exibição foi fraca. Fraca porque o Porto impôs um ritmo baixo, apresentou um futebol descontraído e dominante, mas efémero na primeira parte. Do trio de artistas criativos só João Moutinho traçava o seu futebol. Na segunda parte emergiram as outras duas figuras: James e Lucho, e esta tríade, elaborou e finalizou, com arte e maestria, os dois golos.
O Benfica tem alguns problemas de lesões, a equipa está condicionada, faltam-lhe alguns titulares. Maxi que é um autêntico médio-ala. Aimar, Carlos Martins e o jovem André Gomes, que são jogadores preponderantes no setor intermédio. Enzo Perez não rende no meio campo é um jogador ao qual Jesus tem de recorrer. Alguns jogadores estão distantes da época anterior: Gaitán, Bruno César, Nolito e Rodrigo.
Jesus projeta a equipa com os jogadores que lhe dão maior garantia. Na defesa tudo bem. Os centrais e Artur são os defensores do reino, leia-se baliza. Mas no meio campo, que é o espaço central privilegiado onde começa e passa a evolução do jogo, há desequilíbrios. Ontem, Matic colmatou esse sector, foi imponente na organização de jogo. Quer a defender, quer na distribuição de jogo.
O ataque com a entrada de Ola John tornou-se mais forte. Este jogador e Matic foram dois esclarecidos gigantes na luta que foi o jogo de Vila do Conde. Ola John é o servidor de excelência pela ala esquerda, mas Cardozo e Lima precisam de ser mais municiados pelo corredor central. Lima, apesar da excelente execução no golo que marcou, não rendeu o habitual por jogar lado a lado com Cardozo e rende mais quando faz a dupla missão médio-avançado. Cardozo é um perigo iminente: ontem rematou ao poste e teve três outras ocasiões em que quase marcava. Salvio parece não estar em forma. O futebol do Benfica por enquanto não é tão deslumbrante, mas vai dando para continuar na frente.
Sporting a 200 por cento
O Sporting começou o jogo a 200 por cento. Ao marcar cedo a equipa empolgou-se e acreditou que “hoje é que é”. Os jogadores durante a primeira parte foram autênticos “workaólicos”. Vecauteren trabalhou a equipa psicologicamente. Essa motivação, e o golo inicial, limparam os fantasmas dos aspetos negativos. A capacidade mental dominou a ansiedade, devolveu a estabilidade emocional, a calma, a serenidade e a confiança. E a equipa transfigurou-se!
A imagem temporal que os jogadores e as equipas realizam não é a realidade? No futebol por vezes o que parece não é. No Sporting a tendência é para melhorar. O grupo tem muita qualidade. Futebol é mutável, tudo se pode alterar. Um bom jogo, um bom resultado, uma boa exibição transforma a tendência negativa em positiva.
Claro que terá de haver continuação. Mas o mais importante foi a reabilitação psicológica. Agora Vercauteren, com maior conhecimento estrutural, vai trabalhar os outros aspetos inerentes à produtividade da equipa. A condição física terá de melhorar, ontem a segunda parte não foi tão conseguida por falta de pernas. Terá de organizar os vários planos de jogo. Retificou o modelo e fez bem. Integrou outros jogadores a propósito. Terá de apostar mais nos putos da Academia. Eric foi o primeiro passo. Outros se seguirão.
O Braga está muito bem orientado, e tem coletivo muito bem organizado, mas ontem foi impotente para travar o furacão Sporting que assolou a sua baliza com um caudal muito forte, ao qual só Beto evitou uma inundação maior. Isto porque o setor intermédio do Braga, apesar de ter bons executantes, não foi o dique, nem teve velocidade para acompanhar o ritmo e a dinâmica dos leões. Mas na segunda metade a superioridade da qualidade coletiva da equipa de José Peseiro veio à tona e deu-se o inverso. O Braga sufocou quase por completo o futebol leonino. Valeu Rui Patrício, atualmente um dos melhores guarda-redes do mundo.
As equipas da Académica e do Rio-Ave, tal como quase todas as equipas quando defrontam os grandes, organizam-se a defender, mas defender é só uma parte do jogo, aliás a parte mais fácil. Esperam que num lance de bola parada, ou num contra ataque marcar e fazer um brilharete. Às vezes acontece, mas o futebol é uma alternância permanente entre ter ou não a bola. Se jogarem o jogo pelo jogo, talvez sejam mais felizes.
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