Até ao momento, a tradição dominante do Porto e do Benfica no futebol nacional está ausente dado que o Sporting é que é o líder, incontestável, do campeonato. Os leões têm mais pontos, mais golos marcados e menos sofridos, e esta classificação é o reflexo de uma regularidade exibicional, prática e eficaz.
Dado que o Sporting está a ultrapassar todas as expectativas, a comunicação social já começou a criar vários, e compreensíveis, cenários. Para além do realce do comparativo histórico do momento, o qual só em épocas longínquas foi superado em golos e classificação, fala-se também que o Sporting tem a vantagem de realizar menos jogos que os seus perseguidores, e ao invés fazem-se “premonições” interrogativas sobre a capacidade do líder continuar a manter esta constante precisão.
Especula-se ainda com o “inverno” dado que a equipa tem jogadores menos musculados, com a inexperiência e a imaturidade da equipa, como se isso tivesse a ver com a qualidade e a personalidade, e com a pressão da liderança que no entanto é uma pressão estimulante, motivadora e que pode reforçar a confiança, pois se fosse prejudicial, nenhuma equipa desejaria estar na frente.
Se existe pressão ela está nos perseguidores. Enquanto o Sporting tem a vantagem de ter uma equipa estruturada na qual alinham quase sempre os mesmos jogadores, com uma ou outra alternância, os rivais, a meio da época, ainda andam à procura do melhor onze. E a controvérsia relativa à indecisão e definição de um padrão de jogo é uma constante desgastante.
A pressão gerada pelo orçamento é uma falsa questão, pois na minha opinião isso nada tem a ver com a produtividade das equipas, um factor que está ligado diretamente ao rigor e à exigência de uma administração directiva e futebolística. A gestão das mais-valias é o barómetro e o reflexo da forma como os responsáveis a administram. Neste caso, os gastos do Sporting nem de perto nem de longe se comparam com os dois opositores, o que lhe proporciona uma certa à vontade em termos de imposição.
Entre a realidade actual e a incerteza do futuro, dado que até ao final do campeonato ainda faltam muitas jornadas, compreende-se que o enfase momentâneo dado à carreira dos três primeiros seja diferente. O efeito surpresa está no antagonismo da contínua regularidade leonina e do tardio encontro dos dois adversários com o futebol do passado, o qual naturalmente lhes é exigido no presente.
Outra vantagem leonina é a felicidade do décimo segundo jogador leonino, o qual vive momentos de euforia face aos resultados obtidos, e ao sentimento que lhe advém da maioria dos seus ídolos serem “filhos” do clube e de terem crescido na Academia. Ao invés, os adeptos dos rivais requerem, reclamam, e impõem outra atitude, e outro futebol.
Como se vê, o Sporting em termos de pressão tem vários motivos para estar mais à vontade, mais desinibido, mais descontraído e mais confiante, dado que tem ao seu alcance um enigmático objectivo, e ninguém lhe pode exigir mais. Por conseguinte, o Sporting vai «pensando jogo a jogo» e como diz Leonardo Jardim «o não ser candidato, não retira a ambição». A pergunta fica no ar, a ambição é candidata a quê?
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