Muitas coisas surpreenderam nesta partida e até antes do apito inicial da mesma. Rúben Amorim decidiu colocar Eduardo Quaresma que tinha apenas pouco mais de 50 minutos face à ausência de última hora de Coates por lesão. Matheus Reis fez a ala esquerda em detrimento de Nuno Santos - como já vimos anteriormente, Rúben Amorim prefere o brasileiro ao português em jogos deste nível para lhe garantir maior estabilidade defensiva. Depois de estar em dúvida, Geny Catamo fez a ala direita, deixando Ricardo Esgaio no banco.

E parece que Rúben Amorim ganhou nas alterações. Eduardo Quaresma e Geny Catamo quase sempre ganharam os duelos individuais com Galeno e Gyokeres superiorizou-se a Pepe, originando inclusive um golo a partir de um duelo individual entre os mesmos. Hjulmand e Morita encheram o meio-campo sportinguista, sendo fundamentais a recuperar a posse de bola no setor intermédio.

Muitos destaques individuais, mas colectivamente onde é que o Sporting foi superior ao FC Porto?

O FC Porto optou por aplicar uma pressão alta onde geralmente é exímio porém não conseguiu ganhar a posse de bola através da mesma. Pressão essa que se iniciou a partir do momento do pontapé de baliza do Sporting, sendo a mesma realizada homem a homem (Galeno fechou a linha de 5 preocupado-se com Geny Catamo). O Sporting, com calma, conseguiu sair dessa pressão ao usar Adán como elemento que criou a vantagem numérica, mas também através das ações técnicas de qualidade dos intervenientes no momento do passe.

Como Sporting e FC Porto se dispuseram no relvado

A partir do momento em que esta pressão era ultrapassada, existiam contra movimentos por parte dos jogadores do Sporting, com Pote geralmente a procurar um passe em apoio e Gyokeres exímio a procurar a profundidade com movimentos de rotura. O primeiro golo surge através de um movimento do sueco que com um ressalto ganha a frente a Pepe e coloca a bola dentro da baliza de Diogo Costa.

VÍDEO: O 1.º golo de Gyokeres

Já o Sporting optou por um bloco médio, focando-se sobretudo em defender de forma compacta esperando o momento certo para pressionar os dragões. Já destacamos o meio-campo leonino, mas tem de existir um destaque defensivo ainda para Pedro Gonçalves - bem posicionado defensivamente, muito forte a reagir à perda e sempre concentrado a antecipar passes dos homens de Conceição.

Reação à perda e antecipação. Estes dois aspetos defensivos foram a grande diferença entre as duas equipas, com clara vantagem para o Sporting. Antecipação (de Quaresma) que só não alavancou o resultado porque o golo de Gyokeres foi anulado por uma falta de Eduardo Quaresma. Sérgio Conceição poderia sair contente ao intervalo por apenas estar a perder por 1-0 numa primeira parte praticamente toda ela controlada pelo Sporting.

Se Conceição trouxe alguma estratégia para a segunda parte, não houve tempo para vê-la em prática. Pepe foi expulso muito cedo por teórica agressão e o FC Porto jogou toda a segunda parte em inferioridade numérica.

Num momento de inspiração, Geny Catamo encontrou uma vez mais Gyokeres em movimento de rotura, a ganhar em velocidade à linha defensiva do FC Porto que só teve de passar para o lado para Pedro Gonçalves finalizar.

VÍDEO: O 2-0 do Sporting, de Pedro Gonçalves

Sérgio Conceição tentou mexer na partida com algumas alterações, Rúben Amorim também as fez mas, apesar do FC Porto tentar ir atrás de mudar o resultado, pouco conseguiu criar. O Sporting soube muito bem sair em transições ofensivas e só não ganhou uma maior vantagem por alguns pormenores - decisões de arbitragem e tomadas de decisão em último terço. Amorim especificou em flashinterview que Pedro Gonçalves apareceu muitas vezes sozinho no lado contrário da bola, sendo que a bola não lhe chegou.

A partida pode dividir-se em duas partes: antes e depois da expulsão de Pepe. As duas formas controladas pelo Sporting. Vitória justa da equipa de Rúben Amorim.

PS: Rafael Pacheco, treinador e analista de futebol, tem nas bancas o livro 'Rogerball - O Benfica de Schmidt', onde analisa a época do Benfica em 2022/23, que levou os encarnados ao título de campeão nacional e aos quartos de final da Liga dos Campeões.