Esta efeméride naturalmente suscitou um grande interesse na comunicação social pelo facto de ser um recorde que já perdura há 50 anos e que dificilmente será ultrapassado.

A solicitação para falar dos porquês desta goleada fazem-me viajar ao passado e recordar outros tempos, outro futebol.

Um futebol genuíno, puro, parcialmente lúdico e muito mais humanizante. Diferente do de hoje, que é um futebol negócio, pleno de interesses financeiros e políticos.

Falo em humanização pela alegria com que o público se deslocava em romaria para os estádios. Era salutar ver famílias inteiras, desde as crianças às mulheres e aos mais idosos, a confraternizar com os adeptos rivais e a assistirem em paz e harmonia aos jogos.

Não pondo em causa valores nem princípios essenciais a qualquer profissional (aliás o que digo até poderá servir de exemplo para os jovens de hoje), naquele tempo, como os ordenados eram de 22,5 euros mensais, deixavamos tudo em campo, não só por sentirmos o orgulho de honrar a camisola, como também na procura da valorização futebolística. Em cada jogo aplicávamos a cultura da vontade, aliada à do rigor e da exigência. Também procurávamos a vitória dado que os prémios de jogo eram um razoável complemento financeiro.

Este aniversário tenho, como vários colegas, a felicidade de o reviver, ao contrário daqueles que infelizmente já não se encontram entre nós. Esta data e este feito são parte íntegra da sua colaboração. Estas palavras são para eles, são uma mais que merecidíssima homenagem. Descansem em paz amigos, Alfredo, Anselmo Fernandez, Gentil Cardoso, Geo, Libânio, Lúcio, Manuel Marques, Mário Cunha, Morais, Osvaldo Silva e Reboredo.