Vinte minutos de futebol extasiante encantaram os amantes do futebol. Este período frenético foi jogado com uma entrega e uma velocidade alucinantes. Não há bela sem senão, pois esta perturbação, afetou alguns jogadores que não aguentaram a pressão delirante e cometeram erros que originaram golos. Artur ofereceu um a Jackson. Helton e Otamendi presentearam o empate a Gaitan.

É de realçar que apesar destas benesses, os restantes golos no seguimento de lances de bola parada foram muito bem elaborados. Mangala após passe teleguiado de Moutinho surgiu fulminante e inaugurou o marcador. Mas o golo mais espetacular foi o de Matic que, com um remate soberbo, culminou a melhor jogada do encontro.

Se estes lances originam mais de 50% dos golos pergunta-se: porque não se inventam mais jogadas de laboratório para aumentar a percentagem? Por outro lado, interroga-se porque não se encontra antídoto para anular este método repetitivo.

Depois da tempestade veio a bonança e a partir da meia hora o ritmo excessivo, tal como se esperava baixou de intensidade. A segunda parte tornou-se mais equilibrada. E do futebol de alta qualidade produzido pelas duas melhores equipas nacionais só restou a emoção. Terminou a espontaneidade, o jogo tornou-se mais calculista, acabaram os erros e as oportunidades, à exceção da de Cardozo, que proporcionou a defesa redentora de Helton.

Considero Jesus como um dos melhores estrategas, mas ontem Vítor Pereira trazia a lição bem estudada e anulou o modelo de jogo de Jesus, ao impedir as rotinadas saídas pelos corredores laterais. Vítor Pereira eliminou essas iniciativas com uma inteligente colocação dos jogadores que em marcações e pressão contínua matou à nascença as iniciativas do Benfica.

Sem o aproveitamento dos corredores laterais os pontas de lança do Benfica ficam órfãos de jogo, pois os elementos do corredor central não municiam o duo da frente, os quais ontem foram quase uma nulidade. Apesar do enorme rendimento de Matic, Enzo foi degradante. Jesus demorou nas substituições e não apresentou alternativa para superar os Dragões.

O Porto coletivamente neste jogo foi muito superior ao Benfica. Atuou com os setores muito próximos, formando um bloco homogéneo e eficaz quer a defender quer a atacar. Na primeira parte praticou um futebol de passe curto que beneficiava a circulação e a manutenção da bola. Aliado ao ótimo desempenho dos jogadores os quais apresentaram uma mobilidade surpreendente que baralhou as marcações do Benfica.