Apesar da Taça das Confederações não nos ter apresentado jogos de excelência, alguns encontros têm valido pela emotividade e pela média dos golos marcados. Excluindo as goleadas sofridas pela inocente, ingénua e amadora seleção do Taiti, a qual não tem culpa de ser um corpo estranho entre profissionais, a FIFA terá de rever a forma de apuramento destes países.
Os jogos Itália-Coreia e Itália-Brasil valeram pela emoção e pelos 13 golos marcados, dado que a exibição foi descontínua em ambos os jogos. Contudo, o Brasil-Itália foi talvez o jogo mais equilibrado, face às alterações táticas no percurso, à inteligência, à técnica e ao comportamento dos jogadores. Por ter reunido toda esta panóplia futebolística, considerei-o como o melhor, o mais interessante, até ao jogo de ontem.
Como treinador fico admirado pelo receio e pela ausência de um plano para defrontar a seleção espanhola. Tenho dito que o futebol é um jogo onde aquase na totalidade os treinadores se imitam uns aos outros. O exemplo apresentado em 99% pelas equipas que defrontam a Espanha é a confirmação do que acabo de escrever.
Contudo, o treinador da Nigéria foi até agora a exceção ao definir que os princípios de jogo em futebol são para se cumprir. Quando a equipa tiver a bola a finalidade é a de não perde-la no percurso para a baliza do adversário com o objetivo de marcar. Quando não a tiver terá de evitar que ela chegue á sua baliza e deve tentar pressionar o opositor para a recuperar. Este técnico evitou o ridículo que é o de estar a ver o adversário jogar e a trocar a bola. O futebol é uma cosa simples, só precisa de bons interpretes e de boas ideias.
Depois de ver este jogo fiquei com a ideia de que o tiki-taka é o reflexo da forma como os opositores defendem, ou seja, colocam 10 jogadores em meio campo a defender e os espanhóis como jogam em metade do campo, precisam de trocar a bola até criarem uma oportunidade de penetração para marcarem.
Ora ontem, os espanhóis nem precisaram de recorrer continuamente ao tiki-taca e criaram aquilo que raramente conseguem. Criaram para além dos três golos que marcaram, pelo menos mais nove flagrantes oportunidades de golo. A Nigéria também abrilhantou o espetáculo ao criar pelo menos cinco oportunidades para marcar.
Foi o jogo mais espetacular desta prova. Remataram-se trinta e cinco vezes às balizas, vinte e duas a Espanha e treze a Nigéria. Onze cantos e poucas faltas. Isto aliado às numerosas oportunidades desperdiçadas demonstra que o futebol praticado foi brilhante. Foi de ataque.
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