Durante a audiência desta segunda-feira em tribunal, Rui Pinto falou de como tudo começou no que ao Football Leaks diz respeito.

"O Football Leaks foi uma ideia minha. Esta ideia ocorreu não em Budapeste, mas sim em Praga, com uns amigos. Estávamos a falar de futebol, sobre o caso de corrupção da FIFA que tinha sido altamente comentado. Falámos também sobre o relatório e contas dos clubes de futebol onde o dinheiro desaparecia. Os meus amigos não levaram a ideia a sério, mas depois a ideia foi avançando. Naquela altura, em 2015, nós já tínhamos acesso a alguma informação de forma ilegítima e reparámos que havia práticas duvidosas de alguns fundos de investimento", começou por explicar.

"No início a ideia era pesquisar a fundo algumas identidades nacionais e internacionais. O meu ponto de partida passou pelo Sporting, porque fizemos uma análise de endereços e percebemos que poderia haver um padrão nas passwords utilizadas", explicou de seguida. "O ataque ao Sporting não foi decretado por mim", frisou, contudo.

Rui Pinto admite que não agiu como deveria e mostra-se arrependido, face às consequências que está a sofrer. "Neste projeto do Football Leaks foram cometidos alguns erros. Este processo permitiu-me perceber que o crime, mesmo com boas intenções não compensa. Sabendo o que sei hoje não voltaria a fazer o que fiz, a minha vida está de pernas para o ar, a minha família tem sofrido bastante e o que me custa é o facto de todos os envolvidos nas denúncias não terem ficado em prisão preventiva", lamentou.

"Eu fui a única pessoa privada de liberdade, em condições complicadas em isolamento, apenas com contacto semanal de duas horas com a família. O Luanda Leaks teve impacto, mas a Isabel dos Santos continua a viver a sua vida normal. Percebi que não posso mudar o mundo, que têm que ser as autoridades a fazer esse trabalho. Tentei sempre alertar para a transparência, para a procura da verdade e colaborei sempre com a PJ", sublinhou.

Rui Pinto encontra-se em liberdade desde 7 de agosto de 2020, em virtude dessa colaboração com a Polícia Judiciária, encontrando-se por questões de segurança inserido no programa de proteção de testemunhas em local não revelado e sob proteção policial. Agora, admite que é por aí que quer seguir: "Este é o meu caminho: fazer as coisas na legalidade ".