"O 7-1 é um fantasma que nos persegue". Quase quatro anos depois da histórica goleada sofrida contra a Alemanha, nas meias-finais do Mundial2014, organizado pelos 'Canarinhos', o Brasil vai reencontrar a 'Mannschaft' pela primeira vez, esta terça-feira, num amigável com importância desportiva e emocional.
O duelo em Berlim "tem uma grande importância psicológica, não é preciso esconder. O 7-1 é um fantasma que nos persegue", admitiu o técnico brasileiro Tite em entrevista publicada nesta segunda-feira pela revista alemã 'Kicker'.
"A ferida continua aberta (...) este jogo de Berlim faz parte do processo de cicatrização", acrescentou Tite, antes de admitir que tem "medo" do jogo.
"Não podemos nos deixar intimidar ou ceder ao pânico. Vai ser um jogo complicado, sim, que vai exigir muito de nós emocionalmente. Mas a nossa preparação procura isso", explicou o treinador, que assumiu o cargo em junho de 2016.
Mais relaxado, o homólogo alemão Joachim Löw garantiu que aquele jogo em Belo Horizonte marcou a sua vida.
"Esse jogo vai ser tema de conversas durante um século. Inclusive volto a ver os golos... Quando se vence por 7-1 numa meia-final de um Mundial de futebol contra o país anfitrião... sim, fica na memória. Mas não acho que eles tenham medo na terça-feira, acho que estarão extra-motivados", acrescentou.
Acabar com piadas
No Brasil, as redes sociais mantiveram viva a memória da humilhação que sacudiu o pentacampeão mundial. "Vamos assistir Alemanha vs Brasil, bebendo cerveja e fingindo que o 7 -1 nunca existiu", escreveu um internauta no Twiiter.
Nos últimos dias, alguns órgãos de comunicação social brasileiros escreveram que o central Dante, que jogava no Bayern de Munique na altura, teve de ouvir as piadas do companheiro de equipa, Thomas Müller, no balneário dos bávaros durante muito tempo.
Mas em público os jogadores alemães mostram muito respeito pelos rivais: "Quando olho para a equipa [brasileira], em comparação com 2014, estão dois passos a frente", frisou o médio Toni Kross, autor de dois golos nos 7-1 frente ao Brasil.
"O 7-1? Não conversamos entre nós, é passado. Estamos só concentrados no jogo de terça-feira", garantiu o médio Ilkay Gündogan, que vê um Brasil muito melhor que há quatro anos.
"Contrariamente a 2014, esta equipa está mais equilibrada, com jogadores como Paulinho e Casemiro que dão algo que não tinham antes. Voltaram a ser o Brasil que todos conhecem", acrescentou o médio do Manchester City.
Tudo menos amigável
Para os treinadores, que esperam levantar o troféu do Campeonato do Mundo no dia 15 de julho, o jogo vai ser tudo menos amigável. É o último teste antes da lista final de 23 convocados para o Mundial2018.
Pela 'Mannschaft', Löw deve fazer seis ou sete mudanças em relação à equipa que empatou em 1-1 com a Espanha. Gündogan e o companheiro no City, Leroy Sané, serão titulares, enquanto os dois guarda-redes não titulares, Kevin Trapp e Bernd Leno, vão jogar 45 minutos cada um.
Müller e Özil deixaram a concentração, abrindo espaço para Löw testar novas opções ofensivas na equipa.
Para Tite, o reencontro com a Alemanha não é propício para testes e apenas uma mudança vai ser feita em comparação com a equipa que venceu a Rússia por 3-0.
Fernandinho deve ocupar a vaga de Douglas Costa, o que muda o esquema de jogo: Coutinho passa a jogar pelo lado esquerdo do ataque, com Willian pelo lado direito. Fernandinho, Paulinho e Casemiro vão formar um trio defensivo pelo meio, numa zona intermédia muito musculada.
Thiago Silva pode ser titular, deixando o companheiro de Paris Saint-Germain Marquinhos no banco.
Equipas prováveis
Alemanha: Leno (ou Trapp); Kimmich, Boateng, Hummels, Plattenhardt; Gündogan, Brandt (ou Stindl), Kroos, Sané, Goretzka; Werner (ou Mario Gomez 84).
Treinador: Joachim Löw.
Brasil: Alisson; Dani Alves, Miranda, Thiago Silva, Marcelo; Casemiro, Fernandinho, Paulinho; Willian, Gabriel Jesús, Coutinho.
Treinador: Tite.
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