O ex-futebolista Akwá, suspenso pela FIFA há mais de 10 anos, gostava de um dia dirigir a Federação Angolana de Futebol (FAF), considerando que a modalidade precisa de "maior e melhor organização" e "aposta séria" nos escalões de formação.
"Todos nós temos sonhos e objetivos de assumir desafios. Eu fiz-me homem no futebol e gostaria sempre de servir o futebol. (A FAP) é uma possibilidade que não descarto e tenho o perfil ideal para estar lá”, disse o antigo avançado do Benfica, em entrevista à Lusa.
Fabrice Maieco, conhecido como Akwá, está suspenso e impedido pela FIFA de exercer qualquer função a nível do futebol federado, devido a um diferendo com o Al-Wakrah, do Qatar, que lhe exige o pagamento de 260 mil dólares por atraso no regresso ao clube depois de representar Angola na Taça das Nações Africanas (CNA) de 2006.
Em face da situação, decorre uma campanha de solidariedade para recolha de fundos, promovida por angolanos, com vista a liquidar a dívida do melhor marcador da seleção, com 40 golos, para quem ocupar um cargo público “não deve ser percebido como reconhecimento pelo trabalho” que fez no futebol.
Para o antigo jogador do Benfica, ainda com passagens por Alverca, Beira-Mar e Académica, na década de 90 do século passado, as ex-glórias do futebol "precisam de melhor reconhecimento", o que "não se verifica nos dias de hoje".
Akwá, que começou a jogar futebol em 1991 na província angolana de Benguela, onde nasceu há 42 anos, primeiro na equipa da ECOMIL 2 e depois no Nacional de Benguela, estreou-se na seleção aos 17 anos, em 1995, lançado pelo técnico Carlos Alhinho.
O ex-atleta, que se viu forçado a deixar de jogar em 2008, com 29 anos, após 11 anos ao serviço das seleções angolanas, desde os escalões inferiores, contou à Lusa que deixou de assistir aos jogos da seleção por “desrespeito” ao seu nome.
“Quando digo reconhecimento, por exemplo, lembro que aqui em Angola, para assistir aos jogos da seleção nacional, temos de pagar, temos de pedir favores. Já deixei de ir assistir aos jogos da seleção há muito tempo", frisou.
Porque, argumentou, "quem está nos melhores lugares são as pessoas que não fizeram nada para ali estarem”, o que é “uma falta de respeito", no entender do também ex-deputado do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder).
Em novembro de 2018, Akwá, autor do golo que qualificou Angola pela primeira vez para fase final de um campeonato do mundo, em 2006, na Alemanha, foi condecorado pelo Presidente angolano, João Lourenço, com a Medalha de Bravura e do Mérito Cívico e Social, por ocasião do 43.º aniversário da proclamação da independência do país.
Akwá manifesta-se preocupado com o atual estado do futebol angolano, realçando que a modalidade tem atravessado uma fase "menos boa" por "falta de organização".
"Muitas vezes, não precisamos de muito dinheiro. Aposta-se muito pouco na formação. Devia-se fazer uma campanha nacional na base da formação", atirou, pedindo a intervenção da FAF. “Não é normal, num país onde toda a criança gosta de jogar a bola, estarem a matar os talentos”, acrescentou.
Segundo ex-capitão da seleção angolana, os clubes do país deveriam aprovar em assembleia a "obrigatoriedade" de pelo menos três jogadores que estejam a fazer a transição de juniores para seniores jogarem na equipa principal. E isso, observou, "incentivaria a aposta na formação”.
“Há equipas que estão a participar no ‘Girabola’, campeonato angolano de futebol da primeira divisão, que nem escalões de formação têm", frisou.
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