Em entrevista à agência Lusa, José Mourinho, que hoje orienta o seu primeiro treino no Real Madrid, sublinhou que nunca um treinador ou jogador conquistou os títulos de Espanha, Inglaterra e Itália, que classifica como “os três campeonatos mais importantes”.
“De treinadores sou eu o [Carlo] Ancelotti e o [Fabio] Capello, que dos três ganhámos dois: o Ancelotti o italiano e o inglês, o Capello o italiano e o espanhol e eu o inglês e o italiano. Portanto, se ganhasse aqui o campeonato, também conseguia fazer esta coisa engraçada”, disse.
Ainda que “já tenha ganho muita coisa”, estas “são motivações, são curiosidades” que Mourinho “gostava de somar na carreira”.
Segundo o técnico campeão europeu pelo FC Porto (2004) e pelo Inter de Milão (2010), “um treinador, quando atinge um determinado nível e chega às equipas que, como mínimo, começam a cheirar a possibilidade de ganhar a ‘Champions’, se nunca ganhou, quer ganhar a primeira” e “quem ganhou a primeira, quer ganhar a segunda”.
José Mourinho diz que se lembra “perfeitamente” de ter dito na conferência de imprensa em Gelsenkirchen, onde o FC Porto acabara de ganhar a Liga dos Campeões, que era “jovem demais para não pensar em ganhar a segunda”. Passados seis anos ganhou a segunda “Champions”, pelo Inter, em Madrid.
“Somos poucos a ter ganho duas, somos muito poucos a ter ganho duas com dois clubes diferentes. Mas eu volto a dizer a mesma coisa: sou novo demais como treinador para dizer ‘não quero ganhar a terceira’. Tenho tempo, tenho anos para frente em que eu tenho de ter essa motivação e essa ambição de querer ganhar a terceira”, frisou.
O técnico setubalense admite que nas suas equipas “normalmente o pico do sucesso é o segundo ano”, lembrando: “Foi no segundo ano no FC Porto que ganhámos a ‘Champions’, foi no segundo ano no Inter que ganhámos a ‘Champions’ e no Chelsea, no segundo ano, para além de termos sido campeões nacionais, também estivemos na meia-final da ‘Champions’ e estivemos dois anos seguidos a picar a final da ‘Champions’”.
“Portanto, o segundo ano, normalmente, é o ano da maturidade, porque um treinador quando chega, ainda que possa ganhar alguma coisa, no primeiro ano acontecem sempre algumas surpresas negativas”, justificou.
Entre essas “surpresas” contam-se “jogadores que se pensa que são melhores do que aquilo que são, jogadores que se pensa que são melhores profissionais do que aquilo que são, alguns erros que se cometem no diagnóstico inicial”.
“Portanto, o primeiro ano não é propriamente o ano mais propício ao sucesso”, admitiu. “Mas eu gosto de meter esse tipo de pressão sobre mim e sobre os meus jogadores, não gosto muito de dar aquele longo prazo que às vezes empurra para um relaxamento, para um comodismo. Gosto de pressionar imediatamente a dizer que é para ganhar já e nesse aspecto não vou mudar”.
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