O apoio da Área Metropolitana do Porto (AMP) à construção da academia da Associação de Futebol do Porto (AFP) gerou hoje uma nova 'fratura' entre o Porto e Valongo, levando a trocas de acusações entre representantes dos dois municípios.
Em causa está o apoio dos municípios do distrito do Porto da AMP à candidatura da Associação de Futebol do Porto para a criação da sua Academia de Futebol, na Prelada (Porto), que foi hoje aprovado por unanimidade dos presentes na reunião do Conselho Metropolitano do Porto (órgão que reúne os 17 autarcas da AMP), com a particularidade de não ter qualquer comparticipação financeira por parte de Valongo.
No total, o Porto apoiará a candidatura com 750 mil euros, Vila Nova de Gaia, Maia, Matosinhos e Gondomar com 500 mil euros cada, Paredes, Póvoa de Varzim, Santo Tirso, Trofa e Vila do Conde com 200 mil euros cada e Valongo com zero euros, segundo disse hoje o vice-presidente do Conselho Metropolitano do Porto Sérgio Humberto, que presidiu à reunião.
O vice-presidente da Câmara do Porto, Filipe Araújo, fez uma declaração de voto dizendo que "o princípio de solidariedade e de pertença à área metropolitana por parte do município de Valongo vale zero euros, quando outros municípios contribuem com centenas de milhares de euros".
Para o vice-presidente da Câmara do Porto, "está em causa aquilo que é o espírito metropolitano, que preside à constituição de uma área metropolitana", estando "a pôr em causa o futuro de uma organização que tem alguns pressupostos e alguma lógica de potenciar os 17 municípios no seu todo".
"Perante a segunda vez que este município se recusa a participar - nunca se recusou a receber verbas, mas quando é para contribuir para projetos metropolitanos, recusa-se - eu acho que está na hora de Valongo considerar se deve pertencer ou não à Área Metropolitana" do Porto, vincou Filipe Araújo.
O autarca do Porto (independente) falava do apoio de Valongo à requalificação do Coliseu do Porto, inicialmente recusado pelo município liderado por José Manuel Ribeiro (PS), mas depois consensualizado com cinco mil euros, colocando Valongo na segunda coroa metropolitana, quando os municípios da primeira apoiaram com 175 mil euros, e o Porto com 350 mil.
Na resposta, o presidente da Câmara de Valongo também fez uma declaração de voto, começando por lembrar que a construção de estádios para o Euro2004 "levou a União Europeia a considerar negativo o apoio a novos investimentos em infraestruturas desportivas independentemente de serem ou não ligadas ao futebol", lembrando que os atuais programas de fundos europeus "continuam a não considerar o financiamento para construção de novas infraestruturas desportivas".
Segundo José Manuel Ribeiro, "não são nada claros os motivos que levam a tentar defender que o novo equipamento desportivo da Associação de Futebol do Distrito do Porto, um desporto que move milhões, possa ser considerado de interesse metropolitano".
O autarca disse ainda que Valongo pertence à AMP "com muito orgulho", colocando-se como "o único município que sempre participou em todas as reuniões do Conselho Metropolitano" e dizendo que se prejudicou no âmbito do programa de apoio aos transportes PART 2021 e repartição dos fundos europeus dos Investimentos Territoriais Integrados (ITI) na AMP.
José Manuel Ribeiro disse ainda que "já não é a primeira vez” que o vice-presidente da Câmara do Porto “é desagradável e ofensivo com o município de Valongo", acusando Filipe Araújo de querer "palco, visto que é candidato a candidato" da Câmara do Porto.
No entanto, dirigindo-se ao presidente da Câmara do Porto, José Manuel Ribeiro afirmou que Rui Moreira é "o único autarca excêntrico em Portugal", acusando-o de sair da Associação Nacional de Municípios Portugueses "por razões incompreensíveis", mas não recusar nem agradecer "todos os benefícios que o seu município recebe".
"Valongo não presta vassalagem ao presidente da Câmara Municipal do Porto, ponto", concluiu.
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