O antigo treinador da equipa B do Sporting Luís Alegria, que ajudou a projetar Cristiano Ronaldo no futebol profissional durante a temporada 2002/03, apontou, esta sexta-feira a mentalidade do internacional português como fator determinante para desvendar todo o potencial.
“Faço um elogio a todos os treinadores que teve na formação, pois apanhei o Ronaldo numa fase terminal da evolução. Na altura, destacava-se não só pelas qualidades técnicas, mas também pela autoestima e autoconfiança nas suas capacidades, que lhe permitiam encarar qualquer desafio de forma natural”, referiu o técnico à agência Lusa.
O avançado da Juventus pode cumprir o milésimo jogo na carreira profissional no domingo, na receção ao AC Milan, em partida da 12.ª jornada da Serie A, 17 anos após a estreia pelo Sporting.
Após os primeiros dribles no Andorinha, Cristiano Ronaldo cumpriu duas temporadas nas camadas jovens do Nacional, até ser descoberto por Aurélio Pereira, olheiro dos ‘leões’ que desafiou o madeirense a deixar a família aos 12 anos para lutar pelo sonho de criança.
“Estava ali alguém diferente dos demais, mas não imaginava que pudesse chegar onde está”, reconheceu Luís Alegria, que integrou os primeiros corpos técnicos da equipa B lisboeta, criada em 2000/01 para competir na Zona Sul da II Divisão B, o terceiro escalão do futebol português.
O professor de Educação Física coadjuvou Jean Paul nos dois primeiros anos do projeto, enquanto Ronaldo sobressaía entre os juniores e os juvenis, cenário que não passou despercebido ao romeno László Bölöni, que comandava o Sporting em 2001/02.
Na época seguinte o ‘salto’ ficou consumado e Cristiano Ronaldo, então com 17 anos, fez a estreia logo no primeiro encontro oficial dos ‘verde e brancos’, em 14 de agosto de 2002, na receção aos italianos do Inter Milão (0-0), da primeira mão da terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões.
Apesar de ser júnior de primeiro ano, o avançado totalizou 31 jogos e cinco golos com Bölöni, intercalados com duas partidas frente ao Lusitânia dos Açores pela formação secundária dos ‘leões’.
“Foi chamado a jogar pela equipa B porque toda a estrutura via nele alguém com valências competitivas capazes de suportar um contexto diferente do campeonato de juniores. Mesmo tendo sido curta a passagem pelos ‘bês’, recordo-me de ele estar perfeitamente à vontade perante jogadores de outra maturidade e experiência”, partilhou Luís Alegria.
A convivência não durou muito tempo, mas deu para o técnico lisboeta observar o espírito de Cristiano Ronaldo, que viria a tornar-se no melhor jogador do mundo e mostrou desde cedo “uma predisposição para melhorar”, como atestam alguns episódios vividos na Academia de Alcochete, onde “ia à noite para o ginásio e ficava de castigo por querer treinar mais”.
“Tive a felicidade de treinar jogadores com muito talento e que tiveram carreiras interessantes, como o Beto [Pimparel], João Moutinho, Custódio, Paulo Sérgio ou Luís Lourenço, embora sem o destaque do Ronaldo. Fiquei alegre por termos contribuído, por pouco que tenha sido, mas nada surpreendido por vê-lo chegar onde chegou”, concluiu.
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