Desportivo de Chaves, Nacional e Feirense, despromovidos na época 2018/19 à II Liga portuguesa de futebol, vão receber um apoio de 850 mil euros, a dividir em partes iguais pelos três clubes.
A medida foi hoje aprovada em assembleia geral extraordinária da Liga Portuguesa de Futebol Profissional [LPFP], fazendo com que Chaves, Nacional e Feirense tenham um encaixe solidário de cerca de 283 mil euros cada, para compensar os custos inerentes à descida de divisão.
A proposta tinha ficado suspensa na reunião magna da LPFP de 22 de maio, mas, depois dos pareceres positivos do Conselho Fiscal e do Revisor Oficial de Contas [ROC] do organismo, foi hoje levada a votação, com o intuito de reforçar a já existente verba de apoio à despromoção, fixada num total de 300 mil euros, com um aumento de 550 mil.
No sufrágio, a medida causou alguma divisão entre as sociedades desportivas presentes, mas acabou por ser aprovada com 16 votos a favor, 15 contra e 4 abstenções.
Entre os clubes da I Liga presentes, 12 votaram a favor, seis contra e outros quatro abstiveram-se, enquanto que nos emblemas da II Liga quatro votaram a favor e nove contra.
Dos clubes que vão participar nos campeonatos profissionais em 2019/20, oito não marcaram presença nesta sessão: Benfica, Vitória de Guimarães, Famalicão, Santa Clara, Marítimo, Farense, Casa Pia e Vilafranquense.
Sónia Carneiro, diretora executiva da LPFP, lembrou que o reforço desta verba de solidariedade foi feita "de forma excecional", analisando que o resultado da votação espelha "uma grande maturidade dos clubes".
"É algo que acontece excecionalmente por [em 2018/19] terem descido três clubes, face à integração do Gil Vicente, ditada judicialmente. Os clubes deram um sinal de grande maturidade, e, ao fim de 14 anos, o caso do Gil Vicente passa a ser um não assunto para o futebol profissional", disse a dirigente.
A diretora executiva vincou que no orçamento para a próxima época volta a estar inscrita a verba de 300 mil euros, contemplada nos regulamentos, que será dividida pelos dois clubes que descerem à II Liga.
"No próximo ano voltamos à normalidade, mas hoje mostrámos que a Liga tem capacidade para resolver assuntos como este, depois de políticas orçamentais rigorosas seguidas nos últimos quatro anos", vincou Sónia Carneiro.
Rui Alves, presidente do Nacional, um dos emblemas que vai receber a reforçada verba do mecanismo de apoio à despromoção, mostrou-se satisfeito com a aprovação da medida, mas deixou críticas a alguns homólogos.
"Alguns dirigentes têm dificuldade em perceber o alcance deste princípio. Em Portugal, muitos deles têm uma visão de umbigo e não estrutural. Por isso, esta situação levanta sempre discussão, por se sentirem prejudicados por estarem na mesma divisão", disse o responsável do emblema madeirense.
Ainda assim, apesar da divergência de opiniões, Rui Alves considerou ser "fundamental que se consolide este apoio", mostrando-se, inclusive, disponível para "o reforçar nas próximas épocas".
"Portugal não tinha esta situação contemplada do ponto de vista regulamentar, mas é algo que quase todas as ligas europeias têm e com valores consideráveis, para proteger os clubes. É algo que devia fazer parte do ADN dos competidores", analisou Rui Alves.
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