Em Coimbra, adeptos festejaram a vitória com o grito de guerra de Ronaldo, num jogo em que não faltaram superstições, amuletos e fé, como foi o caso de Fátima, que fez questão de rezar à Joana D'Arc.

Maria de Fátima Figueiredo, de 60 anos, professora, saltava no final do jogo agarrada ao cachecol da seleção nacional e dizia à agência Lusa, confiante, "é desta que levamos o caneco".

Antes de ter ido para o Parque Verde, onde se concentraram algumas centenas de adeptos para ver o jogo de Portugal, Maria de Fátima fez questão de usar a sua roupa da sorte.

"Em todos os jogos uso a mesma roupa. Das sapatilhas ao cachecol, é sempre a mesma. E agora, chego a casa, ponho a roupa de lado e domingo volto a vesti-la", contou.

Para além de usar sempre a mesma roupa, também reza antes do jogo e põe "uma velinha" nos seus santos, que é "preciso um bocado de ajuda divina", enfatizou, recordando que também Fernando Santos é crente.

Para o jogo contra o País de Gales, a reza foi dirigida à Santa Joana D'Arc, chefe militar durante a Guerra dos Cem Anos, entre a França e Inglaterra.

"Eles não são ingleses, mas é parecido", diz, recordando que após a vitória contra a Espanha no Euro 2004 foi à Batalha, Leiria, pagar "uma promessa" ao Santo Condestável, Nuno Álvares Pereira, general português que derrotou os espanhóis na batalha de Aljubarrota.

Agora para a final, Fátima diz que "têm de entrar todos os santos no jogo".

Também Paulo Norte Pinto, empresário de 37 anos, recorre a um amuleto.

Em todos os jogos, veste a camisola com que Portugal foi campeão do mundo de sub-20 em 1991 e garante que, até ao final da competição não a lava.

"Há que acreditar", realça.

"Foi o jogo mais fácil", comenta o professor Joaquim Pereira, que já foi a Lyon este ano para ver um jogo de Portugal e ainda sonha estar presente em França para a final.

No Parque Verde, entre 200 a 300 adeptos, alguns com cachecóis, bandeiras, t-shirts e caras pintadas fizeram a festa, mas, na primeira parte, a calmaria do jogo passou também para o público que assistia ao jogo, apenas entrecortada por alguns momentos de desespero durante as arrancadas de Gareth Bale.

André Santo, da empresa que gere a 'fanzone', tentava animar as pessoas, batendo palmas, entoando cânticos, mas o público não respondia.

A segunda parte foi diferente. Depois de dois golos festejados efusivamente, fazendo levantar toda a gente das suas mantas e cadeiras, o trabalho de André ficou mais facilitado.

"Fica sempre mais fácil quando Portugal marca", aclara, referindo que hoje o trabalho não foi tão difícil.

De tanto tentar animar o público, já ficou rouco durante o Euro e agora espera que na final fique "afónico. Era um excelente sinal".