Numa cerimónia que decorreu na Tribuna de Honra do Estádio Nacional, no Jamor, em Oeiras, e que contou com a presença, entre outros, do secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo, autor do prefácio, do presidente da Liga de Clubes, Pedro Proença, e do comentador Luís Marques Mendes, Duarte Gomes explica que este é “um livro de paixão, que não é lírico, que não é romântico e que tenta, com um esforço bem-intencionado, passar um pouco das regras ao adepto comum de uma forma simples”.
“A ideia é aproximar pela explicação da regra, do lance mais difícil, o ponto de vista do árbitro, quais as ferramentas que a lei lhe dá para decidir. Mais importante que a explicação técnica é a mensagem subliminar que é: todos acertamos, todos erramos, e se queremos criticar com qualidade que o façamos com conhecimento”, afirmou.
Depois de ter publicado há quatro anos 'Kick Off', este é o segundo livro do ex-árbitro internacional e atual comentador desportivo, que procura, de forma pedagógica, como é seu timbre, fazer pensar o leitor sobre as leis de jogo e as situações que acontecem numa partida de futebol.
“São 30 capítulos. Tentei orientar todos para as dúvidas maiores. No fundo, o que o comum adepto tem de perguntar, num lance dúbio, é: o que é que o futebol espera que se decida neste lance?”, disse.
Para Duarte Gomes, é fundamental mudar o comportamento e a pressão negativa que existe no futebol, como forma de erradicar a violência existente.
“O que espero das pessoas é que vivam o jogo com intensidade, com emoção, com a efervescência que faz parte, mas que saibam balizar bem a linha que separa tudo isso do excesso. E o excesso são os insultos gratuitos, são as ameaças e até as agressões que são a face mais negra. Acontece muitas vezes e muitas vezes acontece potenciada por quem tem responsabilidade no futebol. Esses agentes desportivos, que sabem que têm voz junto dos seus adeptos, junto do público em geral, têm também que saber comedir algumas das suas intervenções para que possamos remar todos no mesmo sentido”, adiantou.
Por sua vez, Luciano Gonçalves, presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol, considerou que este livro é importante não só para a arbitragem, como para o mundo do futebol.
“É mais uma grande obra de Duarte Gomes, que tem feito um trabalho fantástico, tem dado a pedagogia que tem de ser dada ao futebol, mostrando que ele defende a arbitragem sem estar a defender ninguém em particular”, destacou,
Ideia partilhada por João Paulo Rebelo, que considerou que o trabalho desenvolvido por Duarte Gomes, depois de acabar a carreira como árbitro, é “objetivamente serviço público”.
“Depois de ter sido um árbitro reconhecido, é alguém que continua a combater, mas a combater com as melhores armas. Que são a formação, a educação e a pedagogia. Valores essenciais e que fazem do desporto algo pelo qual vale a pena lutar todos os dias para que seja melhor. Tem explicado que se o jogo não é perfeito, muito menos são perfeitos os intervenientes no jogo. Desde logo a arbitragem que é uma classe que tem de ser defendida porque estão no epicentro das críticas. Sem eles o próprio jogo não existe”, disse.
Para o governante, os árbitros são “agentes indispensáveis ao desenvolvimento do jogo” e, por isso, é necessário defendê-los.
“A linguagem de ódio que é usada nos comentários, que todos, de uma forma geral, acabamos por compactuar, porque não fazemos todos a parte que devíamos. Nos últimos anos, procurei sempre atender e estar próximo dos intervenientes, apelando ao bom senso. Os adeptos têm ponderabilidade, bem como a comunicação social. Os dirigentes, os treinadores e os atletas têm uma responsabilidade acrescida. As palavras preferidas têm eco nos adeptos. Não podemos aceitar a violência no desporto”, concluiu.
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