Aproximar o futebol feminino da profissionalização é uma das prioridades estratégicas da candidatura “De jogadores para jogadores” para as próximas eleições do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF).

“Passa por garantir uma base salarial comum a todas as atletas, tal como é feito no campeonato espanhol. A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) quis impor um teto salarial, mas sempre defendemos que, antes de haver um teto, tem de haver uma base”, referiu à agência Lusa a vice-presidente da lista, Ana Filipa Lopes, do Clube Condeixa.

Envolvendo atletas dos campeonatos profissionais e não profissionais, a candidatura reconhece a necessidade de contar com “investidores e parcerias” para replicar os “bons exemplos de outros países” e “trabalhar em prol do crescimento” da modalidade.

“Neste momento, o desporto com maior capacidade para evoluir no mundo é o futebol feminino. A I Liga tem o apoio do banco BPI, mas poderemos ter de vir a adotar outras estratégias. Acreditamos que é possível cumprir o sonho que todas as jogadoras têm nos próximos quatro anos”, afiançou a médio internacional lusa, apelidada no futebol de Tita.

Nessa ambição de dar uma “expressão diferente” ao futebol feminino, o presidente da lista, o internacional guineense Ibraim Cassamá, do Real Massamá, lembra que o “crescimento sustentável depende da vontade para a mudança que se quer executar”.

“O resultado não dependerá só de nós, mas muito das sinergias que terão de ser criadas com as entidades que têm poder de decisão. Iremos criar propostas atrás de propostas até conseguirmos equiparar o futebol masculino e feminino, sabendo que o jogador e a jogadora são a parte mais importante do processo”, frisou à agência Lusa o médio.

Ibraim Cassamá sublinha a voz ativa de Tita transmitida através do movimento “Futebol Sem Género”, que levou a FPF a recuar na intenção de impor um teto salarial às jogadoras, desejando que o setor possa ser mais proativo na defesa dos seus direitos.

“Dou um exemplo: os jogadores têm sido submetidos a jogos de três em três dias e deveriam ser mais ouvidos. Há que perceber realmente o que está a acontecer e quais as suas sensibilidades. Claro que a competição é importante, mas as pessoas têm de entender que do outro lado existe um homem e não uma máquina”, observou.

Em prol da “defesa intransigente dos futebolistas”, que “devem ser um exemplo na sociedade e não apenas alguém que saiba dar uns pontapés numa bola”, a candidatura “De jogadores para jogadores” pugna por relações estreitas com a sociedade civil.

“Jogo no Condeixa e, se me lesionar, provavelmente fico em lista de espera durante meio ano para pedir uma ressonância. Quando estava no Benfica, no próprio dia ou no dia seguinte já estaria no Hospital da Luz. É um dos acordos que queremos fazer para ajudar muitos mais jogadores a não deixarem de fazer aquilo que gostam”, sinalizou Tita.

Já a área da saúde mental dos praticantes será controlada por “profissionais da área diretamente ligados ao desporto”, até porque ser jogador na atualidade “acarreta várias circunstâncias que os levam muitas vezes a pensar em coisas que não deveriam”.

“Haveria de ser apenas acordar, focar na alimentação, descansar e treinar. Por isso, queremos implementar o ‘coaching’ direcionado para o atleta, tanto no trabalho pós-carreira, como no saber lidar com a frustração, seja em ocasiões normais de derrota num jogo ou através de contratos que criam sonhos e as coisas não correm tão bem”, notou.

O conjunto de propostas inclui ainda a criação de uma bolsa de emprego para ex-jogadores que mantenham uma atividade laboral paralela ao futebol ou a reestruturação dos pressupostos financeiros aplicados às SAD dos clubes dos escalões profissionais.

Quanto ao futsal e ao futebol de praia, duas modalidades tuteladas pela FPF e inseridas na Associação Portuguesa de Jogadores Amadores (APJA), a candidatura de Ibraim Cassamá e Ana Filipa Lopes defende a filiação dos respetivos praticantes no SJPF.

“O jogador de futebol não pode ser o elo mais fraco da sua profissão. Quando vais ao estádio, não vais ver cadeiras ou um diretor desportivo. Sentas-te no sofá para veres um futebolista a desenvolver a sua função. Temos de nos respeitar uns aos outros, incluindo presidentes, comunicação social e árbitros”, aconselhou o ‘capitão’ do Real Massamá.

A lista “De jogadores para jogadores” faz uma inédita oposição a Joaquim Evangelista, que lidera o SJPF há 17 anos consecutivos e ainda não revelou se irá concorrer a um quinto mandato nas próximas eleições, que deveriam ocorrer até ao final de março.

Em caso de triunfo, Tita admite “pendurar as botas”, enquanto Ibraim prefere relegar a decisão “para segundo plano”, direcionando esforços para “uma caminhada tranquila e transparente”, ciente de que está rodeado das “pessoas certas para fazer a diferença”.

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