Dar por concluídos os principais campeonatos europeus de futebol devido à pandemia do novo coronavírus pode prejudicar muitos emblemas, desde os que disputam o título até os que lutam para pela permanência, ou aqueles que estão prestes a conseguir uma vaga para as provas europeias.

O Liverpool, que lidera a Premier League com uma vantagem de 25 pontos sobre o Manchester City, estava prestes a conquistar o seu primeiro título da liga Inglesa em 30 anos. Agora os adeptos dos 'reds' temem que essa possibilidade possa desaparecer, face às indefinições no futebol devido a pandemia de COVID-19.

Uma ideia que não agrada ao presidente da UEFA, Aleksander Ceferin: "É impossível que o Liverpool termine sem o título. Se os jogos forem disputados, de certeza que irão vencer a Premier League (...) Se o campeonato não puder ser disputado, teremos que encontrar uma forma e um critério a partir dos quais os resultados serão declarados e os vencedores designados", lembrou o líder da UEFA.

A interrupção definitiva da temporada é, sem dúvida, uma possibilidade, dado o confinamento imposto nos grandes países do futebol europeu desde o início de março, embora a UEFA utilize todos os meios para evitá-la.

Nesse caso, a opção de usar a classificação atual como definitiva poderia ser imposta aos clubes em vez de cancelar a temporada. Mas essa opção, assim como as outras, não reúne consensos.

Lazio, Real Madrid e Dortmund e um adeus prematuro ao título

Se em Inglaterra com o Liverpool e em França com o PSG  (com 12 pontos de vantagem sobre o Olympique de Marselha) os campeonatos pareciam decididos, o cenário muda de figura nas outras ligas. Em Portugal lidera o FC Porto com um ponto de vantagem sobre o Benfica. Na Bundesliga alemã, o Borussia Dortmund está em segundo, a quatro pontos do Bayern de Munique. Em Espanha, o Barcelona tem apenas dois pontos a mais que o seu rival, o Real Madrid.

E o equilíbrio é ainda maior em Itália, onde a Juventus lidera a Serie A com um ponto a mais que a Lazio, que sonha em conquistar o 'Scudetto' pela terceira vez em 120 anos de história.

Assim, não surpreende que o presidente do clube romano, Claudio Lotito, seja a voz mais proeminente do grupo favorável ao regresso do campeonato em Itália, o país europeu mais afetado pela pandemia da COVID-19, com quase 20.000 mortes e cuja população deve ficar em isolamento, pelo menos, até o dia 3 de maio.

Lyon e Tottenham sem 'Champions'

Caso a classificação atual seja a definitiva, os clubes que estão fora das posições de apuramento para a Liga dos Campeões também seriam prejudicados.

Em Inglaterra, o Tottenham de José Mourinho, finalista da Liga dos Campeões no ano passado, ocupa apenas o oitavo lugar na Premier League. Logo atrás está o Arsenal, outro tradicional europeu que ficaria de fora, em caso de paralisação definitiva.

Em França, o Lyon, 7.º da Ligue 1, diria adeus às competições europeias, algo que não acontece há muito tempo. Desde 1995 que o emblema francês não falhe uma prova da UEFA.

Em Espanha, o Atlético de Madrid ficaria de fora da Liga dos Campeões, prova que disputa, ininterruptamente desde 2013. Nesse período conta com duas finais da prova milionária (2014 e 2016).

Rumo à segunda divisão

Outros clubes iriam lamentar o final antecipado das ligas, como é o caso daqueles que lutam para não descerem de divisão.

Assim, na Premier League, o Bournemouth tem os mesmos pontos que o Watford (o primeiro fora da zona de despromoção) e cairia para a Segunda Divisão devido ao saldo de golos.

Situação parecida à do Bournemouth vive o Lecce em Itália, com os mesmos pontos do Génova, mas seria o primeiro a cair para a Serie B junto com os dois últimos.

Em Espanha, o Mallorca está a apenas um ponto da salvação.

São, portanto, vários clubes que poderiam recorrer aos tribunais para reverter a decisão de dar por terminada a época, caso tal venha a acontecer.

Uma coisa é certa: independentemente dos cenários, todos os clubes vão sofrer perdas económicas. O presidente da Liga Espanhola, Javier Tebas, fala em perdas de mil milhões de euros de perdas na Liga Espanhola se a competição não for retomada.