O Sindicato dos Jogadores denunciou hoje a FIFA por não ter pago a totalidade dos montantes aprovados para os futebolistas que recorreram ao fundo daquele organismo, dizendo desconfiar que este atraso se deve a “pressão política”.

Em comunicado, o sindicato presidido por Joaquim Evangelista informa que o organismo que tutela o futebol mundial ainda não pagou a totalidade dos montantes aprovados para os jogadores que recorreram ao FIFA Fund (Fundo FIFA na tradução em português), referente ao quarto período de candidaturas a este mecanismo, aprovadas em setembro de 2023.

“Muitos dos jogadores afetados estão desempregados ou retirados e os montantes são considerados essenciais. A situação já levou a que o Sindicato dos Jogadores acionasse o seu Fundo de Solidariedade para apoiar financeiramente alguns dos futebolistas afetados”, lê-se na nota.

Em Portugal, o Sindicato dos Jogadores apresentou candidaturas em representação de 35 futebolistas, no valor global de aproximadamente 234.600 euros, que, após aprovação, ainda não foram pagas.

“A situação é muito má, porque temos entre os jogadores retirados e no ativo alguns que enfrentaram, recentemente, períodos de desemprego e este montante é absolutamente essencial para a sua estabilidade financeira”, alertou Evangelista, citado no comunicado.

O presidente do Sindicato dos Jogadores disse não compreender porque é que após três rondas de pedidos e pagamentos efetuados “num período razoável”, para este quarto e último período “a FIFA esteja a atrasar as transferências bancárias, sem qualquer razão para que isso aconteça”.

“Só podemos desconfiar de pressão política, face às ações intentadas pela FIFPro na Comissão Europeia e à recente vitória no “caso Diarra”. É inaceitável que se tratem assim os jogadores e que os mais vulneráveis sirvam como arma de arremesso político”, criticou.

O dirigente aludia à decisão do Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE), que considerou que algumas regras da FIFA sobre a transferência de futebolistas são contrárias ao direito europeu, porque dificultam a livre circulação e restringem a concorrência entre clubes.

Proferida em 04 de outubro, a decisão do TJUE, sedeado no Luxemburgo, surge na sequência de um pedido da justiça belga, sobre o caso do antigo internacional francês Lassana Diarra que contestou, há 10 anos, as condições da sua saída do Lokomotiv Moscovo.

“Temos recebido chamadas diárias dos nossos jogadores, que manifestam toda a sua frustração. É uma sensação de impotência e de que lhes criámos falsas expectativas, quando simplesmente confiámos no regulamento aprovado e publicado pela FIFA e nos procedimentos que estavam em vigor. Apelo, por isso, ao presidente da FIFA, Gianni Infantino, para que desbloqueie de imediato as verbas em falta”, insta Evangelista.

O Fundo FIFA foi criado em 2020 por acordo entre o sindicato internacional de jogadores (FIFPro) e o organismo que tutela o futebol mundial, para compensar os jogadores que ficaram sem poder receber os seus salários devido à insolvência ou encerramento da atividade desportiva dos respetivos clubes.