A Superliga de futebol foi rebatizada de Unify League e pediu o “reconhecimento oficial” da FIFA e da UEFA, apoiando-se na decisão favorável do Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE), anunciou hoje o promotor da competição.

A sociedade A22 Sports Management revelou que “enviou um pedido à UEFA e à FIFA para obter o reconhecimento oficial das suas novas competições europeias transfronteiriças de futebol de clubes”, em comunicado enviado à agência noticiosa francesa AFP.

“A competição tem um novo nome, Unify League, em conformidade com a plataforma de streaming que transmitirá os jogos em direto, de forma gratuita”, indicou a A22 Sports Management, que pretende “melhorar consideravelmente a experiência de visionamento em casa”.

O pedido da sociedade à FIFA e à UEFA surge quase um ano após a decisão do TJUE, anunciada em 21 de dezembro de 2023, segundo a qual a proibição imposta pelos organismos reguladores do futebol mundial e europeu a atletas e clubes é contrária à legislação comunitária.

O mais alto órgão administrativo da União Europeia (UE) sustentou que FIFA e UEFA abusaram da “posição dominante”, na tentativa de impedir a criação de uma competição de elite, em circuito semifechado, anunciada em 18 de abril de 2021 por 12 dos principais clubes de Espanha, Inglaterra e Itália.

Os organismos de cúpula do futebol mundial e europeu consideraram na altura que a decisão do TJUE “não significa um endosso ou validação” da Superliga, “antes destaca uma lacuna existente no quadro de pré-autorizações da UEFA, um aspeto técnico reconhecido e já resolvido em junho de 2022”.

A A22 adiantou hoje que reviu o modelo competitivo (que funcionava em circuito semifechado e motivou as maiores críticas ao projeto), após conversações com ligas nacionais, clubes e outros intervenientes, a fim de contemplar “desempenhos anuais” para determinar os seus participantes, mas sem fornecer mais detalhes.

O formato competitivo voltou a ser alterado, aumentando de três para quatro ligas, denominadas Star, Gold, Blue e Union, com as duas primeiras a serem constituídas por 16 equipas cada e as duas últimas por 32, num total de 96, além de duas provas femininas, com 32 clubes.

O promotor da Superliga, cujo anúncio abalou os alicerces da modalidade na Europa, tenta apoiar-se na decisão do TJUE para reanimar a iniciativa, que concorria com a Liga dos Campeões, a joia da coroa da UEFA, e teria como fundadores 15 dos mais importantes clubes europeus, apesar de ter sido anunciada por apenas 12.

AC Milan, Arsenal, Atlético de Madrid, Chelsea, FC Barcelona, Inter de Milão, Juventus, Liverpool, Manchester City, Manchester United, Real Madrid e Tottenham foram os clubes que deram a cara pela competição e sofreram a mão pesada da FIFA e da UEFA.

A reação enérgica do mundo do futebol e o repúdio dos mais variados quadrantes da sociedade e até dos governos de vários países levaram a que, três dias após o anúncio, perante a oposição dos próprios adeptos, apenas Real Madrid, Barcelona e Juventus se mantivessem no projeto.

A UEFA decidiu fazer um exemplo dos dissidentes e, em maio de 2022, anunciou a aplicação de pesadas multas - agravadas no caso dos três clubes que ainda se mantinham fiéis à Superliga -, empurrando a Juventus para fora da iniciativa, apesar de o afastamento apenas ter sido consumado em 2023.

Os defensores da competição responderam com a criação da A22 Sports Management, destinada a gerir o projeto e combater o “monopólio da UEFA”, apresentando um novo formato competitivo, que passou dos 20 clubes iniciais (15 fundadores e cinco qualificados anualmente) para 64, hoje, de novo, reformulado.