"Estamos todos unidos nesta nossa oposição à criação de uma Super Liga Europeia", é assim que começa o comunicado conjunto de centenas de adeptos pela Europa fora, publicado esta terça-feira, em que se mostram frontalmente contra à crianação da tão falada Super Liga.

Num comunicado publicado pela 'Football Supporters Europe' e assinado por mais de 90 grupos de adeptos de clubes europeus, nos quais se incluem as claques de Benfica, SC Braga, FC Porto, Sporting e Vitória de Guimarães  e por 20 associações de adeptos, incluindo a Associação Portuguesa de Defesa do Adept , os fãs do desporto rei opõem-se à criação da nova competição, uma ideia que considera, ser "um esquema impopular, ilegítimo e perigoso aos olhos da esmagadora maioria dos adeptos".

Os adeptos reconhecem que o futebol europeu precisa de uma "ampla reforma", mas que esta proposta não cumpre nenhum dos objetivos de uma remodelação deveria ter.

"As propostas neste sentido devem procurar reavivar o equilíbrio competitivo nas competições europeias, proteger as ligas nacionais, promover os interesses dos adeptos, e encorajar uma distribuição mais justa das receitas. Uma Super Liga Europeia não atingiria nenhum destes objetivos", escrevem.

Os adeptos analisam cada um dos parâmetros que consideram necessários para a reforma do futebol europeu e que esta nova competição não iria cumprir: desde o facto de uma liga fechada perturbar a normal disputa da competição - "É anti concorrencial por concepção. Acaba com a magia de receber uma taça (...) vai contra o próprio espírito do jogo" - até à distribuição de receitas que consideram estar já "profundamente" viciada e que a nova competição pioraria a situação "permitindo aos grandes clubes monopolizar os lucros e colocando em grave perigo o sistema de solidariedade e redistribuição existente".

Enaltecem ainda a sua importância no futebol, algo que ficou claro nos últimos tempos em que têm estado afastados dos estádios. Mostram-se ainda contra mais jogos europeus, realçando estarem "cansados de pagar pelas fantasias de salários sempre crescentes, pelas milionárias taxas de transferências e demais lucros, bem como da má gestão financeira".

O comunicado da massa adepta termina com um apelo ao diálogo alargado das organizações sobre uma reforma necessária e no qual devem ser incluídos os adeptos e os seus representantes.

"Acompanharemos igualmente de perto todas as tentativas de alterar o formato existente das Competições Europeias e compara-las-emos com os princípios delineados acima e opor-nos-emos ainda a quaisquer tentativas de impor uma Super Liga pela porta das traseiras", concluem.

Nos signatários do comunicado, além da Associação Portuguesa de Defesa do Adepto, surgem ainda as claques Diabos Vermelhos (Benfica), Bracata Legion, Red Boys Braga (SC Braga), Coletivo Ultras 95, Super Dragões (FC Porto), Brigada Ultras Sporting, Diretivo Ultras XXI, Torcida Verde, Juventude Leonina (Sporting), Insane Guys e Grupo 1922 (Vitória de Guimarães).

FIFA não reconhece Superliga Europeia e avisa jogadores e clubes: quem participar na prova não jogará Mundiais, Europeus e Champions
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A criação de uma Super Liga Europeia tem feito correr muita tinta, com a FIFA, num comunicado publicado na semana passada e assinado pelo presidente do organismo, Gianni Infantino e pelos presidentes das seis confederações mundiais, a ameaçar a exclusão das equipas que participarem da prova de todas as provas continentais e mundiais.

Superliga europeia: uma ideia dos 'tubarões' da Europa

Pelo menos 11 clubes de futebol de Inglaterra, Espanha, Itália, França e Alemanha pretendem avançar com um acordo para uma Superliga Europeia, que visa ser alternativa à UEFA. Um documento confidencial datado de 22 de outubro de 2018, refere que o acordo para esta Superliga Europeia de 11 clubes, aos quais se devem juntar depois cinco convidados, seria assinado em novembro de 2018 para a competição ser oficialmente criada em 2021.

O 'Football Leaks' teve acesso a um anexo de um e-mail enviado no final de outubro de 2018 ao presidente do Real Madrid, Florentino Pérez, que se traduz num acordo vinculativo para ser assinado pelos presidentes de 11 clubes europeus para a concretização da Superliga Europeia em 2021.

Os 11 clubes fundadores são o Real Madrid, o Barcelona, o Manchester United, o Manchester City, o Chelsea, o Arsenal, o Liverpool, o PSG, a Juventus, o AC Milan e ainda o Bayern de Munique. A estes acrescem cinco convidados, o Atlético de Madrid, o Olympique de Marselha, o Inter de Milão, o Roma e o Dortmund. Não há clubes portugueses nesta ideia de Superliga.

A ideia de criar uma Superliga Europeia foi conhecida em 2016, mas nunca foi concretizada, chegando a ser afastada pela UEFA, que aceitou, para isso, aceder a algumas reivindicações de clubes europeus.

Em março de 2017, marcando presença em Portugal, o presidente da UEFA, Aleksander Ceferin, rejeitou a ideia da criação de uma Superliga europeia, indicando que “isso significaria uma guerra” com esta instituição.

Também nesse mês, a Associação Europeia de Clubes anunciou, em Atenas, ter chegado a acordo com a UEFA para a reforma das competições europeias de clubes, colocando termo ao projeto de criação de uma Superliga.