O antigo treinador de futebol Henrique Calisto homenageou hoje o legado do malogrado amigo e ex-colega de profissão Vítor Oliveira, expresso em êxito desportivo, mas também pelo "caráter idelével", na inauguração do viaduto com o seu nome.
A Avenida Vítor Oliveira, que atravessa a autoestrada A28, ligando Matosinhos e a Senhora da Hora, teve hoje a sua cerimónia de abertura e acarreta um simbolismo particular por se situar junto ao Estádio do Mar, 'casa' do Leixões, clube ao qual Vítor Oliveira era afeto e representou enquanto futebolista e treinador.
"Esta avenida está pertinho do 'seu' Leixões e em cima do espaço que foi o 'Maracanãzinho', em que os mais velhos sabem que, aqui mesmo, havia um campo de treinos onde os 'bebés' foram formados. O Vítor nasceu aqui como futebolista e como homem. Conhecemo-nos desde meninos, somos amigos, vizinhos e companheiros de vida. Muitos jantares, longas viagens, férias inesquecíveis que o Vítor tinha o dom de transformar em momentos únicos de convívio, amizade e alegria. Era um homem alegre, de fino humor, de sorriso fácil", destacou Henrique Calisto, na cerimónia de abertura.
Notabilizando-se pelas 11 promoções ao principal escalão em 18 presenças, que permitiram ao matosinhense, falecido em novembro de 2020, adquirir o epíteto de 'rei das subidas', nunca chegou a orientar um dos três 'grandes' do futebol português, algo que Calisto lamenta e acredita dever-se à sua independência e insistência, sem conceções, em "nunca mudar a integridade do seu caráter".
"Sempre se manteve fiel a si próprio e, nomeadamente, aos amigos, da escola primária, aos que com ele privaram na infância e juventude. Atingiu o grau máximo de uma independência que o impediu de atingir outros patamares que a sua competência e saber mais que justificavam. Mesmo assim, foi enorme, gigante, sem nunca ter treinado um dos três grandes do futebol português", reiterou.
José Couceiro, vice-presidente da Federação Portuguesa de Futebol, foi uma das notáveis presenças e, em declarações à agência Lusa, mostrou-se também um confesso admirador das qualidades profissionais e pessoais de Vítor Oliveira e recordou os tempos em que se defrontaram nos duelos de treinadores.
"Só tenho de agradecer à Câmara Municipal de Matosinhos por se ter lembrado do Vítor ao fim destes quatro anos. Esta homenagem é justíssima, foi sempre uma pessoa extremamente correta connosco, adversários, mantendo sempre a postura e isso é o que eu tenho a enaltecer e realçar, porque é um exemplo para todos nós", expressou, na que diz ser a "marca mais forte" deixada pelo ex-técnico.
A presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Luísa Salgueiro, enalteceu a diminuição da pressão rodoviária com a construção do viaduto que tem 420 toneladas de peso, cujo processo se iniciou há oito anos e o investimento rondou os cinco milhões de euros, que a autarca considera que "deveria ser da responsabilidade da Infraestruturas de Portugal".
"Vai permitir aliviar o impacto muito negativo em termos de mobilidade em torno da A28 e da sua ligação à conhecida rotunda AEP. Todos sabemos das dificuldades que existem, sobretudo em horas de ponta, para circular nesta zona e a Câmara Municipal de Matosinhos tem feito um grande esforço nos últimos anos para encontrar alternativas", realçou, enquanto lembrou também o papel do antigo treinador na promoção da cidade.
Em mais de 30 anos, entre 1978 e 2020, Vítor Oliveira comandou Famalicão, Portimonense, Maia, Paços de Ferreira, Gil Vicente, Vitória de Guimarães, Académica, União de Leiria, Sporting de Braga, Belenenses, Rio Ave, Moreirense, Leixões, Trofense, Desportivo das Aves, Arouca, União da Madeira, Desportivo de Chaves e Paços de Ferreira.
Como futebolista, vestiu as camisolas de Leixões, Paredes, Famalicão, Sporting de Espinho, Sporting de Braga e Portimonense.
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