Impressionante. Não há palavra mais adequada para descrever a campanha que o Flamengo está a fazer na segunda volta do Brasileirão, sob as ordens, e os gritos, de Jorge Jesus. Numa das ligas nacionais mais complexas do planeta, tanto quanto ao nível similar das equipas quanto pela fatigante logística, este Flamengo com a insígnia JJ venceu 17 dos últimos 19 jogos no campeonato, obtendo somente dois empates no período. É um desempenho assombroso, e que estabelece recordes a cada semana. A única derrota de Jorge Jesus no Brasileirão, somando 23 jogos à frente da equipa carioca, foi precisamente contra o Bahia, em Salvador, na primeira volta, e por um pesado placard de três bolas a zero. De lá para cá, tudo mudou e a taça está cada vez mais próxima da Gávea.
Em mais um domingo de Maracanã abarrotado, mais de 65 mil adeptos viram um Flamengo com força quase máxima, apenas com as ausências do lateral Rafinha e do médio uruguaio Arrascaeta, poupados e a recuperarem de lesão, a atacar intensamente uma organizada equipa do Bahia, que, longe dos últimos lugares da tabela de classificação, deve garantir uma vaga nas competições continentais do próximo ano. No jogo, o trio ofensivo rubro-negro, formado por Bruno Henrique, Gabriel e Éverton Ribeiro, muito trabalho deu ao guarda-redes Douglas Friedrich, que com boas intervenções evitou o golo quase certo ao Flamengo em duas ocasiões. Já o ataque do Bahia foi mais eficiente na primeira parte, quando aos 39’, Élber, livre de marcação, cabeceou para boa defesa de Diego Alves, e na recarga o mesmo Élver rematou forte, com a bola a desviar no autogolo de Willian Arão, um dos elementos mais criticados da equipa de Jesus pelos adeptos rubro-negros.
A segunda parte foi bem mais intensa que a primeira, e o Flamengo tratou logo de iniciar a reviravolta aos 54’, após o centro de Gabriel para o jovem Reinier, avançado de 17 anos e talismã de Jesus, marcar de cabeça. O Bahia não se mostrou intimidado com a reação do Flamengo, e quase fez o segundo com o lateral Nino Paraíba, que avançou pelo corredor direito e rematou cruzado, com a bola a passar muito perto da baliza de Diego Alves. Mas, aos 72’, a qualidade dos jogadores do Flamengo mais uma vez destoou, após o belo passe pelo alto de Filipe Luís para Gabriel, que serviu Bruno Henrique na área, com o extremo a concluiu já sem oponentes à frente. Muita festa nas bancadas, com mais uma saudação calorosa ao mister. Perto do fim, Willian Arão, o vilão do dia, cobrou com categoria o livre frontal, mas a bola certou a barra, e na sobra, o inevitável Gabriel marcou o golo de número 21 no Brasileirão, o terceiro do Flamengo, que fechou a vitória em 3-1.
Já o Palmeiras entrou em campo no sábado para um duríssimo clássico frente ao Corinthians, que vive momento instável no campeonato e procura garantir-se na zona de classificação para a Taça Libertadores de 2020. Com raras ocasiões de golo na primeira parte, o jogo mudou de ritmo na etapa final, e logo no início, com Deyverson, de cabeça, a exigir uma apertada defesa ao guardião corintiano Walter, que substituía o titular Cássio. Poucos minutos depois, o VAR entrou em ação a marcar um penáti favorável aos palmeirenses após a bola tocar o braço do defesa-central Manoel, em lance que o árbitro de campo nada assinalou. E na grande ocasião do jogo até então, Gustavo Scarpa rematou sem muita força para defesa de Walter. A igualdade persistia até perto do fim, quando, nos descontos, o lateral Michel, outro reserva da equipa do Corinthians, passou pela defesa adversária e desferiu um potente remate cruzado, acertando quase o ângulo da baliza de Weverton. Um belo golo de Michel, outro que substituía um elemento importante do Corinthians, o lateral e capitão Fagner. Com a derrota a praticamente decretar o fim das esperanças do Palmeiras em alcançar a Flamengo na liderança, no último lance do jogo, aos 94’, após o canto, a bola sobrou para o médio Bruno Henrique rematar com força e decretar o empate em 1 a 1.
Ao fim da 32.ª jornada do Brasileirão’2019, o Flamengo soma 77 pontos, contra 67 do Palmeiras, com dez pontos de vantagem dos cariocas e com somente mais seis jornadas para o término do campeonato. Talvez nem o mais otimista adepto palmeirense acredite num milagre que seria o Flamengo de Jesus perder três dos próximos seis jogos. Já a torcida rubro-negra ensaia novos cânticos nas bancadas para reverenciar os craques e, principalmente, o treinador português, que mudou de patamar o futebol praticado pela equipa. Já não falta muito para boa parte do Rio de Janeiro explodir em festa com o título brasileiro do Flamengo, e ainda com a final da Libertadores no próximo dia 23.
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