Fundado em 1904 pela empresa química Bayer, o Leverkusen conquistou, neste domingo, o primeiro título do campeonato nacional da Alemanha da sua história, para finalmente se libertar do incómodo apelido de 'Vizekusen', dado ao clube após cinco vice-campeonatos, incluindo os dois títulos que escaparam dolorosamente em 2000 e 2002.

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O clube da Bayer

A história do Bayer 04 Leverkusen começa com uma carta escrita em fevereiro de 1903 por dois funcionários da Bayer, Wilhelm Hauschild e August Kuhlmann, e assinada por 170 funcionários, em que pedem a criação de um clube desportivo ligado ao grupo fundado em 1863 por Friedrich Bayer.

Após receberem o sinal verde da diretoria da empresa química, o clube polidesportivo TuS 04 – nome que mais tarde se tornaria no Bayer 04 Leverkusen – nasceu no dia 1 de julho de 1904, com a secção de futebol a disputar as suas primeiras partidas, três anos depois.

Os vínculos entre o clube e a empresa continuam fortes. Atualmente, o Bayer 04 Leverkusen Fussball GmbH é uma subsidiária 100% da Bayer AG. O logótipo do clube recupera a cruz da Bayer e a equipa é apelidada de 'Werkself', o 'onze da fábrica', pois até a década de 1970 grande parte dos jogadores da equipa estavam ligados à fábrica da farmacéutica.

O atual estádio do Leverkusen, inaugurado em agosto de 1958, foi inicialmente chamado de Ulrich-Haberland Stadion, em homenagem ao então técnico da Bayer, antes de ser renomeado como BayArena em 1998.

Ballack, o jogador emblemático

Antes de se transferir para o Bayern de Munique, em 2002, e se tornar capitão da seleção alemã em 2004, Michael Ballack passou pelo Bayer Leverkusen, clube ao qual chegou em 1999 vindo do Kaiserslautern, com quem se sagrou campeão em 1998.

Formado no Chemnitz (antigo Karl-Marx-Stadt) nos anos 1980-1990, Ballack é o jogador mais emblemático que passou pelo Leverkusen. Outros grandes nomes alemães como Ulf Kirsten, Christian Worms e Rudi Völler também jogaram pelo clube da periferia de Colónia.

Os atuais jogadores da seleção alemã, Kai Havertz (Arsenal), Toni Kroos (Real Madrid) e Bernd Leno (Fulham) também passaram pelo Bayer Leverkusen, onde este ano brilha Florian Wirtz, num clube com fama de ser um trampolim para outros palcos.

Na direção oposta, Rudi Völler transferiu-se para o Bayer Leverkusen depois de ter jogado pela Roma e pelo Marselha, mas foi neste clube que iniciou a sua carreira de treinador, tornando-se diretor desportivo a 1 de julho de 1996, logo após deixar de jogar.

O 'Vizekusen' dos anos 2000

O Leverkusen não é um dos 16 clubes que fundaram a Bundesliga em 1963. Depois de uma curta passagem pela terceira divisão, o clube finalmente ingressou na elite em 1979, para nunca mais descer. Entre 1996 e 2002 fixou-se no 'Top 4', terminando na segunda posição em 1997, 1999, 2000 e 2002.

O vice-campeonato no ano 2000 foi especialmente penoso. Na última jornada, o Bayer Leverkusen precisava de apenas um ponto na visita ao modesto Unterhaching, na periferia sul de Munique, que tinha subido para a primeira divisão nesse ano. Ballack marcou um autogolo e o Leverkusen acabou por perder por 2-0, com o Bayern de Munique a conquistar o título ao vencer o Werder Bremen fora de casa. O Leverkusen passou a ser conhecido como 'Vizekusen' ou 'Neverkusen' (com a palavra 'never' que significa 'nunca' em inglês).

Em 2002, o Leverkusen inicia o mês de maio ainda na disputa de três competições. Na Bundesliga, a equipa desperdiçou uma vantagem de cinco pontos faltando três jornadas para o fim e o Dortmund acabou por se sagrar campeão.

Uma semana depois, o Leverkusen perde a final da Taça da Alemanha e, quatro dias depois, o 'Werkself' perde a final da Liga dos Campeões para o Real Madrid, com um golo lendário de Zinedine Zidane. A síndrome de 'Vizekuzen' voltou a atacar, mas muitos anos depois a equipa de Xabi Alonso parece ter encontrado o antídoto.