O Schalke 04, da primeira divisão alemã, suspendeu na noite de terça-feira o seu presidente, Clemens Tönnies, durante três meses por declarações consideradas racistas em relação aos africanos.

O conselho de deontologia censurou o dirigente num comunicado por ter "infringido a proibição de discriminação incluída nos estatutos do clube".

Apesar disso, foi considerada "infundada" a acusação de racismo e por isso não aplicou sanções mais graves, como a demissão.

A polémica estendeu-se durante vários dias na Alemanha depois das declarações feitas na quinta-feira passada pelo presidente do Conselho de Supervisão do Schalke 04 durante uma conferência de profissionais do setor alimentício, no qual o empresário prosperou, fazendo uma fortuna de cerca de dois mil milhões de euros, segundo a revista Forbes.

No seu discurso, Tönnies mostrou-se contra a imposição de impostos ao carbono na Alemanha para lutar contra o aquecimento global. E para reduzir as emissões, defendeu a construção de um grande número de centrais elétricas em África.

"Assim os africanos deixariam de cortar árvores e de fazer crianças desde o momento em que escurece", atirou.

Uma declaração que não caiu muito bem e que foi reprovado pelo Comité de Integração da Federação Alemã de Futebol (DFB).

"Quanto mais penso nisso, mais se torna inimaginável que um homem da sua posição e da sua experiência fale da população de um continente inteiro de uma maneira tão desagradável", opinou Cacau, de 38 anos, ex-jogador da seleção alemã nascido no Brasil e hoje presidente do Comité de Integração da Federação Alemã de Futebol (DFB).

Integração "não deve ser posta em risco"

Assim como Cacau, várias personalidades condenaram as palavras de Tönnies, incluindo a ministra da Justiça, Christine Lambrecht.

"Em nenhum outro lugar a integração é tão bem sucedida e tão rápida como no desporto, não deve ser posta em risco", criticou a política, que pediu para que a Federação Alemã de Futebol "gerisse" o caso Tönnies.

Tönnies pediu desculpas no domingo, com um comunicado divulgado no site do clube, afirmando que foi "inapropriado" e garantindo que defende os valores do Schalke, que se opõem a qualquer forma de "racismo, discriminação ou exclusão".

Nos últimos dias várias polémicas abalaram o futebol alemão. Acusado de simpatizar com o movimento neonazista, Daniel Frahn, capitão do Chemnitz (de terceira divisão), foi despedido. O Chemnitz é cidade onde ocorreram importantes manifestações anti-imigração após uma convocação da extrema-direita no ano passado.

No final de julho, dois comentadores do canal de televisão do Borussia Dortmund, inclusive o ex-jogador Patrick Owomoyela, foram sancionados depois de uns deslizes verbais durante um amigável do clube contra a Udinese da Itália, no qual Owomoyela imitou a voz de Adolf Hitler ao vivo.