O presidente da Associação Regional de Futebol de Santiago Sul mostra-se crítico para com a gestão da direcção da Federação Cabo-verdiana de Futebol e diz-se inconformado com o investimento de 90 mil contos (816.215 euros)  no Estádio Adérito Sena.

Mário “Donnay” Avelino procurou a Inforpress para manifestar o seu desagrado com esta medida apresentada e aprovada na Assembleia-geral ordinária, realizada em Rui Vaz, onde a ARFS foi a única das 11 regiões desportivas a votar contra o plano de actividade para 2019, cujo orçamento ultrapassa os 100 mil contos (906.906).

Justificou o seu posicionamento alegando “falta de transparência”, e afirmou que “a FCF se recusa a partilhar com as associações o contrato de trabalho para com o seleccionador nacional, Rui Águas”, e denuncia “dívidas da FCF que o antigo seleccionador, Lúcio Antunes, tem estado a reclamar, sob pena de tomar medidas drásticas”.

Donnay disse não compreender o porquê “de todo este investimento em mais de 90 mil contos num único estádio municipal, quando existem estádios como o da ilha do Maio e os de Santiago Norte sem as condições razoáveis para a prática de futebol”, tendo manifestado a sua estupefacção pelo parecer favorável das associações regionais onde estas infra-estruturas estão localizadas.

Sublinhou, igualmente, que o Estádio da Várzea, na cidade da Praia, já clama por obras de remodelação, tanto no relvado, como na própria infra-estrutura, mas que não vê qualquer investimento da FCF.

Fez questão de recordar que o Estádio Nacional, propriedade do Estado, apenas tem recebido investimentos do Governo de Cabo Verde e da China.

É que para o líder da ARFSS, a FCF não deveria preocupar-se em canalizar “todo o investimento para o Estádio Adérito Sena, em São Vicente”, por entender que “tratando-se de uma infra-estrutura municipal a responsabilidade para a sua manutenção deve ser atribuída à autarquia local”.

Quanto à recusa da ARFSS em seleccionar os treinadores para a formação que termina esta sexta-feira na cidade da Praia, promovida pela FCF e ministrada por técnicos da Federação Holandesa de Futebol, Donnay Avelino disse que Santiago Sul conta com 22 treinadores principais em exercício, só na primeira e segunda divisão, pelo que não vê critérios para indicar apenas dois treinadores.

Considerou que por se realizar nesta região desportiva “Santiago Sul podia, perfeitamente, ter muito mais treinadores, sem custos para a FCF”.

Outrossim, disse que a FCF, há cerca de um ano, realizou um curso de secretariado nesta cidade e que indicou uma representante desta região sem sequer ter em conta o aval da ARFSS, pelo que, afirmou “a FCF podia também, neste caso, indicar os treinadores que achar conveniente para este curso”.

À Inforpress, Donnay Avelino admitiu que o seu relacionamento com o presidente da FCF, Mário Semedo, ficou “beliscado” após a realização da última assembleia-geral, electiva em que foram concorrentes, mas disse que pretende tudo fazer para que a região desportiva de Santiago Sul não saia prejudicada, não obstante diz sentir-se discriminada pela instância que superintende o futebol nacional.