Abel Ferreira, o técnico português que levou a equipa brasileira do Palmeiras à final da Taça Libertadores da América na terça-feira, disse que pretende desfrutar a classificação contra os argentinos do River Plate, porque foi "muito suada".

"Quando tu treinas os grandes clubes, estás mais próximo de ganhar títulos. Eu treinei e comecei a minha carreira enquanto treinador de baixo, da base, e fui subindo", disse Abel Ferreira, questionado pela Lusa sobre se a classificação à final da Taça era o ápice de sua carreira no futebol, durante uma conferência de imprensa.

"Sabia, quando aceitei o desafio de vir para o Palmeiras, que [o clube] dava a todos os treinadores as condições de disputar títulos", acrescentou.

"Nós estamos em duas finais. No campeonato vamos grão a grão encher o nosso bolso e no final vamos ver o que nos toca. Eu não penso muito. Quero é desfrutar agora, [durante] 24 horas, valorizar esta final. Foi muito suada, custou muito, tivemos de escalar uma montanha muito grande. Amanhã temos de descê-la outra vez e preparar-nos para subir outra [montanha], porque não dá para estar sempre em cima do cume", disse ainda.

Questionado sobre a derrota do Palmeiras por 2 a 0 na segunda partida da semifinal da Libertadores contra o River Plate, que só não custou a classificação à equipa brasileira porque esta tinha vencido o mesmo adversário por 3-0 no primeiro jogo, disputado na Argentina, Abel Ferreira disse que "foi uma das melhores derrotas" da sua vida e admitiu que o treinador Marcelo Gallardo é melhor do que ele.

"O River [Plate] tem um treinador melhor do que eu. Tem também jogadores com grande experiência. Nos últimos cinco anos, eles estiveram nas semifinais, e ganharam a competição duas vezes. Mas quer para mim, quer para os meus jogadores, só há uma maneira de ganhar experiência (...), passar por isso. Por isso, hoje subimos a montanha, vimos a vista lá de cima e é muito boa. Agora, vamos descer outra vez, recuperar os nossos jogadores [e] ver a equipa que teremos para a próxima partida", salientou.

O técnico português também considerou normal o River Plate chegar ao Brasil depois de uma derrota em casa com força máxima e pressionar o Palmeiras durante grande parte dos 90 minutos da partida que levou a sua equipa à final da Libertadores, marcada para 30 de janeiro, no icónico estádio do Maracanã, na cidade brasileira do Rio de Janeiro.

"Nós [Palmeiras], com os jogadores que tínhamos, demos tudo. Tivemos de sofrer, sim, mas a classificação foi fruto do que fizemos na Argentina. Foi um jogo em que poderíamos ter feito mais golos, pois as mesmas oportunidades que eles tiveram aqui, nós tivemos lá. Em duas mãos, deu 3 a 2 para nós", avaliou o técnico português.

Contratado há pouco mais de dois meses pelo Palmeiras, Abel Ferreira já ganhou o apoio dos adeptos da equipa "alva e verde", que lotaram as ruas perto do estádio onde a semifinal de Libertadores foi disputada, o Allianz Parque, na zona oeste da cidade de São Paulo.

A Lusa esteve no local e viu a zona em torno do estádio ser tomada por adeptos, que elogiram o técnico português, enquanto desafiavam a pandemia de covid-19, numa grande festa com fogo de artifício, batuques e cantos e exaltação ao futebol.

Muitos seguiram o autocarro do Palmeiras do Centro de Treinamento onde os jogadores estavam concentrados até ao estádio.

"Eu tive a minha primeira experiência com toda a torcida, vindo do CT [Centro de Treinamento] até aqui. Sei que eles ajudam, mas meteram mais pressão ainda em cima de nós, porque parecia que a gente já estava classificado e nem precisava de jogar", contou Abel Ferreira.

"Obrigado a todos pelo apoio. Vou repetir o que o Luan [jogador] falou: amanhã, quando a família Palmeiras acordar, vai acordar feliz. E os que forem trabalhar, vão dar um rendimento melhor aos seus chefes", concluiu o técnico português.