Jorge Jesus tornou-se hoje o primeiro treinador português de futebol a vencer a principal competição sul-americana de clubes, a Taça Libertadores, replicando o sucesso africano de Manuel José e europeu de Artur Jorge, José Mourinho e André Villas-Boas.
Um triunfo do seu Flamengo por 2-1 face aos argentinos do River Plate, que eram os detentores do troféu, na final de Lima, no Peru, valeu ao ex-treinador de Benfica e Sporting colocar a primeira ‘lança’ lusa na América do Sul, na 60.ª edição da Libertadores.
Derrotado nas finais da Liga Europa que disputou, em 2012/13 e 2013/14, ao comando do Benfica, Jesus, nascido na Amadora há 65 anos, fez história na Libertadores, prova que nenhum treinador português havia conquistado.
Os técnicos lusos estavam a ‘zero’ na prova ‘rainha’ da América do Sul, mas já somavam triunfos em outros dois continentes, sendo que o melhor currículo é o de Manuel José, que levou os egípcios do Al-Ahly a quatro vitórias na ‘Champions’ africana.
Presentemente com 73 anos, Manuel José de Jesus Silva colecionou um total de 20 títulos pelo conjunto da cidade do Cairo, onde é considerado um ‘Deus’, incluindo quatro vitórias na Liga dos Campeões da CAF, em 2001, 2005, 2006 e 2008.
Os sul-africanos do Mamelodi Sundowns (1-1 fora e 3-0 em casa), em 2001, os tunisinos do Étoile du Sahel (0-0 fora e 3-0 em casa), em 2005, e do CS Sfaxien (1-1 em casa e 1-0 fora), em 2006, e os camaroneses do Coton Sport (2-0 em casa e 2-2 fora), em 2008, foram as equipas derrotadas pelo Al-Ahly.
O técnico que em Portugal treinou, entre outras equipas, o Benfica, o Sporting e o Boavista, ao serviço do qual conquistou uma Taça de Portugal (1991/92) e uma Supertaça (1992), ainda disputou uma quinta final, que perdeu, em 2007, num segundo duelo com o Étoile du Sahel (0-0 fora e 1-3 em casa).
Com quatro títulos de campeão africano, Manuel José está num lugar ímpar entre os treinadores portugueses, sendo que as restantes conquistas aconteceram na Europa, onde o primeiro a vencer foi Artur Jorge, o ‘rei’ Artur, agora com 73 anos.
Depois do húngaro Béla Guttmann ter conduzido o Benfica a duas vitórias na Taça dos Campeões Europeus, em 1960/61 e 1961/62, foi um português, Artur Jorge, a dar o primeiro cetro europeu ao FC Porto, na temporada 1986/87.
Em Viena, um golo de calcanhar do mágico argelino Rabah Madjer e um tento do suplente brasileiro Juary, depois de Ludwig Kögl ter dado vantagem ao Bayern Munique, permitiram aos ‘dragões’ baterem os alemães por 2-1 e sagrarem-se campeões da Europa.
O segundo treinador luso a vencer a principal prova europeia de clubes também o conseguiu ao comando do FC Porto, foi José Mourinho - na quarta-feira confirmado como novo técnico do Tottenham -, já em plena ‘era Champions’, na época 2003/04.
Um ano após ganhar a Taça UEFA, Mourinho deu o segundo título europeu aos ‘dragões’, com um triunfo categórico por 3-0 na final com o Mónaco, batido em Gelsenkirchen com tentos do brasileiro Carlos Alberto, do internacional luso Deco e do russo Alenichev.
Foi o primeiro de dois títulos europeus para ‘Mou’, que voltou a ganhar seis anos depois, em 2009/10, agora como treinador principal do Inter Milão, que, na final de Madrid, superou o Bayern Munique por 2-0, com um ‘bis’ do argentino Diego Milito.
O outro técnico luso que conta no palmarés com uma ‘Champions’ é André Villas-Boas, ex-adjunto de Mourinho, que, em 2011/12, começou a época no Chelsea, mas não a acabou, sendo despedido em 04 de março de 2012, a ‘meio’ dos oitavos de final.
O atual treinador do Marselha participou em sete jogos da campanha dos londrinos, que chegariam ao seu único triunfo na Liga dos Campeões já sob o comando do italiano Roberto Di Matteo, após uma final com o Bayern Munique, conquistada nos penáltis.
André Villas-Boas não tem em sua casa a respetiva medalha, como não teria se tivesse sido despedido na véspera da final, mas orientou a equipa em sete dos 13 jogos do Chelsea na edição 2011/12 da ‘Champions’. Também é campeão da Europa.
*Artigo atualizado
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