Ronaldo, Cristiano Ronaldo. Estava escrito nas estrelas que o herói de uma noite que na Islândia era dia só podia ser ele. No encontro em que atingiu mais um número redondo e sem igual no futebol mundial, ao atingir os 200 jogos pela seleção principal do seu país, o capitão da Equipa das Quinas fez a diferença e garantiu, ao cair do pano, uma vitória que parecia destinada a não chegar, depois de uma exibição descolorida na Islândia.

O jogo foi típico de final de época. Muita luta, cansaço evidente, falta de discernimento e criatividade, poucos rasgos, cansaço evidente e muito poucas ocasiões de golo de parte a parte.

Mas a verdade é que mesmo sem deslumbrar (longe disso), Portugal (que também já não tinha deslumbrado por aí além frente à Bósnia, no sábado) acabou mesmo por somar mais uma vitória. A quarta em quatro jogos de qualificação para o EURO 2024. A quarta em quatro jogos sob as ordens de Roberto Martínez, e todas elas sem sofrer golos.

Foi a vitória mais suada (e mais escassa) das quatro, é verdade, mas talvez tenha sido até a mais saborosa, pela forma como foi alcançada, mais com o coração do que com o talento, e com um golo de Cristiano Ronaldo, em mais um dia especial. A forma como celebrou aquele que foi o seu 123.º golo por Portugal, festejado como se tivesse sido o primeiro, diz tudo.

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O jogo

Portugal entrou em campo com quatro mexidas em relação ao encontro com a Bósnia: Roberto Martínez colocou Pepe, Diogo Dalot, Rúben Neves e Rafael Leão no onze, em detrimento de António Silva, Raphael Guerreiro, João Palhinha (lesionado) e João Félix. E a Seleção Nacional até entrou a dominar, mas sem conseguir criar lances de perigo.

Rúben Dias e Pepe cabecearam na sequência de pontapés de canto para defesas mais ou menos fáceis do guarda-redes contrário, no quarto de hora inicial, de pois até foi a Islândia a crescer no encontro e a ameaçar, com dois remates que assustaram Diogo Costa, ainda que sem levarem a direção do alvo.

Os lances de real perigo continuaram a escassear na primeira metade do segundo tempo, apesar de Portugal ter voltado a controlar as operações. E apesar das mais mexidas que Roberto Martínez foi fazendo na equipa, o jogo teimava em seguir na mesma toada, com poucos (ou nenhuns) remates perigosos na direção das balizas.

Até que, a dez minutos do fim, a Islândia se viu reduzida a dez jogadores. Portugal aproveitou para pressionar ainda mais, encostou o adversário em definitivo à sua área e o golo lá apareceu. Começou por ser anulado, mas apareceu. Gonçalo Inácio desviou de cabeça, Ronaldo encostou para o fundo das redes, o árbitro auxiliar assinalou fora de jogo ao defesa do Sporting, mas o VAR mostrou que não havia qualquer irregularidade no lance. Estava selada mais uma vitória de Portugal, que soma agora 12 pontos em 4 jogos no Grupo J de qualificação para o EURO 2024. A fase final, na Alemanha, parece já ali...

O momento

Minuto 89: Bola bombeada para a grande área da Islândia por Bernardo Silva, Gonçalo Inácio, no limite do fora de jogo, ganha nas alturas e a bola chega a Cristiano Ronaldo que, ao segundo poste, toca para o fundo das redes. Mas a bandeirola estava levantada. Posição irregular do central do Sporting no momento da assistência para CR7? A dúvida ficou no ar durante alguns minutos, enquanto o VAR analisava o lance. Sim? Não? Sim! Tudo legal e os jogadores portugueses partiram para os festejos!

O melhor

Ronaldo, claro. Numa noite de pouca inspiração da generalidade dos jogadores de Portugal, quem mais se não o capitão poderia fazer a diferença? Cristiano esteve, como os colegas, discreto e desinspirado durante 89 minutos. Mas em cima do minuto 90, no seu jogo 200 pela Seleção principal, Portugal, CR7 - como em tantas outras ocasiões nos anteriores 199 jogos - apareceu para decidir.

O pior

Esperava-se muito dele e muitos ficaram desiludidos quando não o viram como titular frente à Bósnia, no passado sábado, mas Rafael Leão - desta feita titular - não foi capaz de criar os desequilíbrios que costuma criar, apesar de muito ter tentado. Não que tenha estado muito mais desinspirado do que os restante colegas, mas as expectativas eram altas e não correspondeu.

As reações

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