Carlos Dinis, o último selecionador a levar Portugal à final do Europeu de sub-19 de futebol, atribui favoritismo à Alemanha no jogo decisivo do Euro2014, mas identifica na equipa lusa “potencial” para se impor no embate de quinta-feira.
O treinador que levou Portugal à final do Campeonato da Europa de 2003, perdida para a Itália, recordou à agência Lusa a derrota por 2-0 sofrida frente aos transalpinos, advertindo que o principal objetivo das seleções jovens é fornecer jogadores à representação principal.
“Uma final é sempre imprevisível, apesar de haver algum favoritismo da Alemanha, mas acho que temos potencial para jogar com algum equilíbrio, disputar a final e, quem sabe, vencer. Chegámos lá porque é que não podemos vencer?”, questionou.
Carlos Dinis assinalou que “a Alemanha tem apostado decididamente na área da formação e tem recolhido frutos disso”, lembrando que Portugal tem tradicionalmente muita dificuldade em superar os germânicos, apesar de considerar esta equipa portuguesa mais forte do que a de 2003.
“Talvez seja uma seleção com maior número de individualidades, jogadores com potencial, que, se as coisas correrem de forma favorável, forem bem acompanhados e tiverem oportunidade de evoluir, podem chegar longe”, defendeu.
O antigo selecionador nacional da categoria salientou que as fases finais das grandes competições internacionais são sempre “muito difíceis e equilibradas”, recordando que Portugal empatou 1-1 com a Itália na fase de grupos no campeonato de 2003, antes de perder o jogo decisivo.
“O jogo da final não foi de todo fantástico, porque perdemos por 2-0. Fomos conseguindo superar alguns problemas, com alguma dificuldade, e chegámos merecidamente a final, mas a Itália era uma equipa bastante forte”, lamentou.
No campeonato deste ano, Portugal revelou-se demolidor na fase de grupos, batendo Israel, por 3-0, a Áustria, por 2-1, e impondo a goleada do torneio à anfitriã Hungria, por 6-1, antes de superar a campeã Sérvia nas meias-finais, no desempate por grandes penalidades.
Carlos Dinis admitiu que o período de 11 anos que separa as duas presenças da equipa das quinas na final da prova “é, realmente, algum tempo” para um país que chegou a ser considerado uma das maiores potências nas camadas jovens, o que encontra explicação no facto de “nem todas as gerações serem boas”.
“O grande objetivo das seleções nacionais [jovens] não está só nas vitórias, mas em levar os jogadores para a seleção nacional ‘AA’ e isso tem sido conseguido”, advogou.
Da seleção vice-campeã europeia em 2003, apenas João Pereira e Hugo Almeida se impuseram na representação principal de Portugal, algo que Carlos Dinis não considera negativo, pois “há gerações que não conseguem dar ninguém” à equipa “AA”.
“Se todas as gerações conseguirem dar dois jogadores à seleção nacional ‘AA’ acho que é muito positivo. No mesmo ano [2003], fomos campeões da europa sub-17. João Moutinho, Miguel Veloso e Vieirinha faziam parte dessa equipa, que nem sequer conseguiu apurar-se para o Europeu de sub-19”, assinalou.
A seleção portuguesa de futebol de sub-19 defronta na quinta-feira a congénere da Alemanha, na final do Campeonato da Europa de 2014 da categoria, no estádio Ferenc Szusza, em Budapeste, em jogo com início às 19:00 horas (18:00 em Lisboa) e com arbitragem do espanhol Javier Estrada.
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