
O FC Porto já reagiu aos incidentes no Estádio do Dragão, no domingo, antes do intervalo do jogo com o Benfica, da 28.ª jornada da I Liga. Na sequência de arremessos de material pirotécnico por parte de adeptos do Benfica para uma bancada onde estavam adeptos dos azuis e brancos, gerou-se uma confusão.
A Polícia foi chamada ao local e disparou balas de borracha contra adeptos portistas, ferindo duas pessoas. Em comunicado, a SAD azul e branca critica a intervenção "inadequada e desproporcionada" das forças de segurança.
Nas imagens que circulam nas redes sociais, é possível ver um agente de arma em punho, apontada aos adeptos, enquanto outros agentes tentam acalmar a situação.
O clube comunica que se reuniu com o Comando Metropolitano da PSP do Porto, esta segunda-feira, "para apurar as causas deste incidente e identificar os seus autores [...] e imputar as devidas responsabilidades a quem terá exacerbado os poderes de atuação em vez de repor a segurança pública".
O FC Porto pede que o Benfica seja castigado pelo comportamento dos seus adeptos, recordando que esta época o clube azul e branco "foi sancionado com um jogo de interdição do Estádio do Dragão por uma situação idêntica, provocada por um adepto que lançou um objeto semelhante para uma bancada repleta de público."
Leia o comunicado do FC Porto na íntegra
"O FC Porto lamenta e condena veementemente os incidentes ocorridos este domingo no Estádio do Dragão, envolvendo as forças de segurança e adeptos do Clube.
Os incidentes foram provocados pelo lançamento de artefactos pirotécnicos por adeptos da equipa visitante para a zona da bancada ocupada por sócios e adeptos portistas.
Tal ocorrência desencadeou uma situação de pânico e apreensão junto das pessoas que assistiam ao jogo, algumas das quais crianças, e o arremesso desses objetos incandescentes originou ferimentos em duas delas.
Ao contrário do esperado, a intervenção dos elementos das forças de segurança ali presentes mostrou-se inadequada e desproporcionada, culminando numa carga policial e no disparo de munições não-letais por um dos agentes da Polícia de Segurança Pública (PSP) - ferindo dois adeptos do FC Porto, que receberam assistência no local.
O Clube reuniu esta segunda-feira com o Comando Metropolitano da PSP do Porto para apurar as causas deste incidente e identificar os seus autores, bem como os motivos da intervenção protagonizada pela PSP, e imputar as devidas responsabilidades a quem terá exacerbado os poderes de atuação em vez de repor a segurança pública.
Além da exposição sobre as ocorrências deste domingo, o Clube relembrou a PSP de que este tipo de comportamentos por parte dos adeptos do SL Benfica é recorrente (não só no Estádio do Dragão) e que os diversos episódios ocorridos na madrugada anterior em vários pontos da cidade, sempre com o recurso a artefactos pirotécnicos, indiciavam a intenção de os utilizar durante o clássico - o que veio a suceder, colocando em perigo quem se deslocou ao Estádio do Dragão.
Sendo este um tema que requer especial cuidado e que está no topo das preocupações do FC Porto, o Clube demonstrou muita consternação perante o sucedido, lamentou que a ação preventiva não tenha produzido quaisquer resultados e que a resposta das autoridades tenha falhado, colocando, mais uma vez, a segurança dos portistas em risco.
Na sequência desta reunião, o Comando Metropolitano da PSP irá iniciar um processo de averiguações no sentido de apurar todos os factos e responsabilidades decorrentes dos diversos episódios que atentaram contra a segurança dos adeptos do FC Porto.
Qualquer ação que coloque em perigo a segurança dos espetadores num recinto desportivo deve ser alvo de uma atuação célere e consequente por parte das autoridades, dos clubes e de todas as entidades com responsabilidades neste campo, no sentido de banir do desporto em geral, e do futebol em particular, todos os fenómenos promotores de insegurança e de violência.
Recorde-se que esta temporada o FC Porto foi sancionado com um jogo de interdição do Estádio do Dragão por uma situação idêntica, provocada por um adepto que lançou um objeto semelhante para uma bancada repleta de público.
O Clube fica a aguardar o resultado da investigação do Comando Metropolitano da PSP, na expectativa de que os factos apurados motivem uma firme atuação de todos e de que os indivíduos responsáveis por estes atos enfrentem as consequências dos mesmos."
APDA fala em "intervenção policial abusiva" e exige investigação
Já esta tarde a Associação Portuguesa de Defesa do Adepto (APDA) pediu uma investigação aos incidentes nas bancadas do Estádio do Dragão.
"Exigimos que a Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) e outras entidades competentes investiguem esta atuação e que sejam apuradas responsabilidades. Não podemos aceitar que a segurança dos adeptos seja posta em risco por intervenções policiais desajustadas e abusivas", pode ler-se no comunicado da Associação.
No domingo o Benfica goleou por 4-1 na visita ao FC Porto, no clássico da 28.ª jornada da I Liga de futebol, com um ‘hat-trick’ de Pavlidis, e isolou-se provisoriamente na liderança, aguardando pelo resultado do Sporting.
No Estádio do Dragão, no Porto, os ‘encarnados’, que somaram a nona vitória seguida na prova, adiantaram-se no marcador logo no primeiro minuto, com um golo do avançado grego Pavlidis, que completou o ‘hat-trick’ com golos aos 43 e 69, o primeiro de um jogador do Benfica em casa do FC Porto.
Otamendi, aos 90+4, marcou o outro tento do Benfica, enquanto Samu, aos 81, anotou o golo dos ‘dragões’.
Com este triunfo, o Benfica lidera a I Liga com 68 pontos, mais três do que o Sporting, que apenas joga na segunda-feira, na receção ao Sporting de Braga, que é quarto com 56, os mesmos do FC Porto, terceiro, e que sofreu a primeira derrota do campeonato no seu terreno.
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