Algumas centenas de pessoas concentraram-se na quinta-feira na Ferry Street, em Newark, no estado norte-americano de Nova Jérsia, para festejar a vitória da Seleção Nacional de Futebol.
No final do jogo, as pessoas que enchiam os clubes recreativos, os bares e restaurantes da rua mais portuguesa dos Estados Unidos vieram festejar o resultado com camisolas da seleção e bandeiras.
Os bombeiros da cidade e o corpo de polícia também se juntaram aos festejos, passando na rua com os veículos enfeitados com alguns cachecóis e bandeiras e buzinando.
"Não tenha qualquer dúvida de que o futebol é a coisa que mais ajuda a manter a ligação ao nosso país. Esta juventude nasceu nos Estados Unidos e é sobretudo pelo futebol que ainda estão ligados à terra dos pais e avós", disse à Lusa João Ferreira, de 70 anos, e natural de Valença do Minho.
Ferreira, que vive no país há 51 anos, é reformado e por isso já aconteceu estar em Portugal quando as competições internacionais de futebol acontecem.
"Mas é muito diferente, o sentimento aqui é mais forte. As coisas parecem ter outra dimensão", diz o português.
No centro da celebração, estava Pedro Pires, de 23 anos, que nasceu em Newark.
"Estava a ver o jogo em Elizabeth, mas assim que terminou vim para aqui. Toda a gente vem. Desde o mundial de 2002 que não perco um jogo e as celebrações acontecem sempre nesta rua", disse à Lusa.
A Ferry Street é o centro da comunidade portuguesa no estado. Entre as casas, ainda estão pendurados enfeites dos festejos do dia de Portugal e na estrada as linhas separadoras continuam pintadas de vermelho e verde.
No mês passado, a rua também tornou a receber as placas que a batizam de "Avenida Portugal", uma homenagem da cidade ao contributo dos portugueses.
"Somos filhos e netos de portugueses, mas continuamos a ter esta paixão. A maioria dos meus amigos fala português por causa disto. Se não fosse a ligação ao futebol, muitos de nós tínhamos perdido o contacto e já não nos falávamos", explicou Pedro Pires.
Ricardo Jerónimo, jornalista residente no país há 20 anos, estava a cobrir os festejos para o jornal local "24 Horas".
"O futebol está sempre entre os artigos mais procurados pelos nossos leitores durante o ano, com o campeonato nacional. Depois, nestas grandes competições, que as pessoas vivem com muita emoção, o interesse dispara", disse à Lusa.
Antes de os portugueses se estabelecerem na cidade, Newark acolheu uma grande comunidade polaca durante o século XIX.
Já praticamente não existem descendentes destes emigrantes na região, mas na tarde de hoje ainda se encontravam alguns fãs no meio das dezenas de portugueses.
No final, os fãs das duas equipas abraçaram-se.
Para o próximo jogo, a meia-final contra o País de Gales ou a Bélgica, os imigrantes portugueses dizem que precisamos de mais eficácia.
"Acho que precisamos de algo mais na frente, mas não lhe sei dizer quem devemos pôr. É para isso que lá temos o Fernando Santos. Não quero ser treinador", disse João Ferreira.
Outros têm uma visão menos técnica, e acham que a equipa portuguesa está destinada a cumprir um desígnio nacional em Paris.
"Vencemos este jogo com a força dos nossos antepassados. Foram eles que nos guiaram à vitória e serão eles que o vão fazer da próxima vez. Este ano, vencemos", disse Patrícia da Palma, que vive nos EUA há 7 anos.
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