O apuramento da Seleção Nacional de Futebol para os oitavos de final do Euro 2024, ao cabo de duas rondas e já com o 1.º lugar do Grupo F garantido não nada de português. Resolver cedo a contenda, não deixar nada para o fim, não tratar do assunto nos últimos instantes, não sofrer, não é algo a que estejamos habituados no futebol.
Mas Portugal tinha pressa e aproveitou as ofertas da Turquia para reafirmar a sua candidatura ao título com três golos sem resposta, perante o adversário mais perigoso.
Diante da Geórgia, para fechar as contas do grupo, haverá espaço para descansar os mais utilizados, dar minutos e motivação a quem pouco jogou ou ainda não somou minutos. Para já, está tudo a correr bem.
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Tal como se esperava, a Turquia foi um adversário completamente diferente da Chéquia, o que facilitou o jogo de Portugal. Com um futebol de ataque, com os olhos postos na baliza contrária, os comandados de Vincenzo Montella deram muito espaço a Portugal no último sector, com muitos erros defensivos, alguns inacreditáveis como o lance do 2-0.
E, também tal como se previa, Roberto Martinez mexeu no onze e no esquema tático de Portugal, apostando no 4-3-3 e reforçando o meio-campo, com João Palhinha a fazer companhia a Bruno Fernandes e Vitinha na zona intermédia. Diogo Dalot foi o sacrificado, em relação ao onze que venceu a Chéquia.
Pode-se dizer que a Turquia foi vítima da sua vontade. É uma equipa que tenta sempre discutir o jogo, que ataca com todos, que se perde nos posicionamentos porque coloca sempre mais paixão que razão em campo. Além do problema coletivo, houve demasiados erros individuais que ajudaram Portugal a vencer. A eficácia também ajudou, com a Seleção Nacional a marcar na primeira oportunidade, por Bernardo Silva, e a fazer três golos com os três remates que enquadrou na baliza de Altay Bayindir.
A paciência na circulação da bola, tantas vezes criticada, foi também uma das chaves do triunfo, perante uma equipa que não gosta de andar a correr atrás do esférico.
O caricato autogolo de Akaydin aos 28 minutos foi um duro golpe no que restava da organização turca em campo. Por esta altura, Vincenzo Montella e os seus pupilos sabiam que muito dificilmente iriam inverter o resultado. A frustração levou-os a recorrer de alguma dureza para travar os portugueses, com várias faltas duras, algumas delas sancionadas com cartões amarelos pelo árbitro germânico Felix Zwayer. E quando Bruno Fernandes beneficiou do altruísmo de Cristiano Ronaldo para fazer o 3-0, aos 56, já nada havia a fazer para os turcos.
Os pupilos de Montella procuraram, a todo custo, pelo menos marcar um golo para dar uma alegria aos seus adeptos que estavam em clara maioria nas bancadas, mas a solidez defensiva lusa aliada à desinspiração dos homens da frente da Turquia assim não permitiram.
Uma vitória assente nos erros adversários, e que até peca por escasso, tantas foram as oportunidades para Portugal ampliar o marcador.
Para já, está assegurada a passagem aos oitavos de final do Euro 2024 e o primeiro lugar do Grupo F. À segunda jornada, melhor era impossível.
Agora é descansar os mais utilizados diante da Geórgia, motivar com minutos os que ainda não jogaram ou têm jogado pouco, e assim ter a equipa fresca para a próxima fase.
Momento-chave: O que é que é isso, ó meu?
O 2-0 de Portugal é um dos lances mais caricatos do ano futebolístico. Um passe errado de João Cancelo para Ronaldo... acabou no fundo das redes da Turquia. Akaydin atrasou para o guardião Altay Bayindir, este não estava no seu posto. Ainda correu, tal como Zeki Celik para tentar evitar o pior mas a bola foi afastada já depois de estar totalmente dentro da baliza. Inacreditável.
Os Melhores: Que idade tem Pepe?
Portugal não sofreu golos e muito se deveu a atuação monstruosa de Pepe. Aos 41 anos e 113 dias, continua num nível incrível. Na tarde de sábado, esteve imperial na antecipação, leitura dos lances, e ainda ajudou na distribuição, com alta eficácia nos passes.
Bruno Fernandes fez o gosto ao pé e voltou a estar em bom nível, tal como Bernardo Silva que marcou, ajudou a ter bola e a circular com critério e criou algumas situações de perigo.
Em dia 'não': Defesa kamikaze
Se Akaydin não olhou para o seu guarda-redes e fez um os autogolos mais caricatos do ano, o seu colega no eixo defensivo, Bardakci também não esteve melhor. Em termos de organização defensiva, já se sabia que a Turquia se expunha muito. Se se juntar a isso os erros individuais dos homens mais recuados, fica difícil vencer quem quer que seja.
Reações
Euro2024: Martínez preocupado com invasões dos adeptos à procura de Ronaldo
Roberto Martínez: "Houve aspetos que melhorámos, mas a diferença esteve no primeiro golo"
Pepe: "A Turquia é uma equipa emotiva, nós somos uma equipa madura"
Após a derrota com Portugal, Kokçu não tem dúvidas: "São candidatos a ganhar o título"
*Reportagem na Alemanha com Evandro Delgado e Afonso Trindade de Araújo, enviados especiais do SAPO Desporto
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