Espanha e Inglaterra sobem esta noite ao relvado do Estádio Olímpico de Berlin em busca da conquista do Euro 2024. Frente a frente duas equipas com trajetos muito diferentes até ao jogo decisivo.
De um lado uma Espanha que mostrou o melhor futebol da competição, trazendo também consigo vitórias em todos os jogos, e do outro uma Inglaterra que não convenceu, mas que, apesar de forma sofrível, foi ultrapassando os obstáculos que foram surgindo para marcar presença numa final de um Campeonato da Europa pela segunda vez consecutiva.
Em comum as duas equipas têm o facto de poderem fazer história em caso de vitória: Espanha pode conquistar o seu quarto europeu, que colocaria 'La Roja' na liderança isolada na lista de nações com mais conquistas na prova, e Inglaterra poderá levantar o troféu Henri Delaunay pela primeira vez, juntando-se assim ao 'clube' de seleções que venceram Europeu e Mundial.
Momento de forma
As vicissitudes de uma final de uma grande competição tendem a subtrair peso ao momento recente de forma das equipas. Mourinho bem diz que "as finais não são para ser jogadas, são para ser ganhas", pelo que o momento dos finalistas pode não ter a relevância de um outro qualquer jogo.
Mesmo assim, olhando para o trajeto das duas seleções neste Campeonato da Europa, verificamos momentos totalmente distintos.
A Espanha demonstrou, desde o primeiro minuto do primeiro encontro, exatamente ao que vinha, mostrando uma ideia de jogo clara, e que nunca se procurou adaptar ao adversário que tinha pela frente, acabando por acontecer exatamente o contrário.
Sem a presença da chamada 'figura de proa', a equipa comandada por Luís De La Fuente primou sempre pelo poderio coletivo, mostrando identidade vincada, e que permite uma mistura da experiência de jogadores como Morata ou Carvajal com a irreverência da juventude de Lamal ou Nico Williams.
O resultado: seis vitórias em seis jogos, treze golos marcados e apenas três sofridos.
Do outro lado está uma Inglaterra que cedo revelou uma postura um tanto ou quanto conservadora na maneira de olhar para os jogos, especialmente se tivermos em conta o rol de jogadores ao dispor de Gareth Southgate.
Com efeito, o pragmatismo foi nota dominante no caminho inglês rumo à final do Europeu, exemplo paradigmático é o facto dos ingleses terem vencido o grupo C com apenas dois golos marcados.
Para além desse calculismo, a fase a eliminar trouxe capacidade de sofrimento à equipa dos 'três leões', que foi obrigada a dois prolongamentos: um alcançado mesmo ao cair do pano, e outro que levou às malfadadas grandes penalidades que, apesar do histórico, acabaram por sorrir aos ingleses.
Da Inglaterra de Southgate não se pode esperar espetáculo e entretenimento, mas antes uma equipa personalizada e sem problema de 'jogar feio', se tal levar à vitória.
Histórico de confrontos
Será a 28 ocasião em que Espanha e Inglaterra irão medir forças num palco internacional. Nos 27 jogos anteriores a vantagem é inglesa, com 13 triunfos contra 10 dos espanhóis, sobrando ainda quatro empates.
No total dos embates entre as duas seleções, apenas quatro tiveram lugar no âmbito de um Campeonato da Europa: dois jogos na fase de qualificação e dois jogos em fases finais.
Relativamente à fase de qualificação, os ingleses venceram os dois jogos diante de 'nuestros hermanos'. Aconteceu na fase de apuramento para o Europeu de 1968; aí Inglaterra venceu por 1-0 em Wembley, graças a um golo de Bobby Charlton, derrotando novamente os espanhóis no jogo da segunda-mão por 1-2 no Santiago Bernabéu, em Madrid.
Quanto a fases finais, o saldo é também totalmente positivo para a seleção dos 'três leões'. O primeiro confronto ocorreu no Campeonato da Europa de 1980, em Itália. No jogo da terceira e última jornada da fase de grupos, Inglaterra venceu por 2-1, graças aos golos de Trevor Brooking e Tony Woodcock.
Dezasseis anos mais tarde as duas seleções voltariam a encontrar-se numa fase final de um Europeu. Em 1996 os ingleses jogavam em casa, mas tiveram de recorrer às grandes penalidades para eliminar a formação espanhola, isto após um nulo depois dos 120 minutos.
O que dizem os treinadores
Luís De La Fuente, selecionador de Espanha: "Favoritos? Estamos tranquilos. Nunca pedimos essa perspetiva, sabemos como são as imagens, mas nós estamos centrados naquilo que controlamos, não há favorito. Vai ser equilibradíssimo, como as eliminatórias anteriores. Isso dos favoritos deixamos para as casas de apostas. Sabemos o que temos de fazer para superar a Inglaterra. Sei que vamos dar tudo, com o máximo respeito pelo adversário"
Gareth Southgate, selecionador de Inglaterra: Não acredito em contos de fadas, mas acredito em sonhos. Mas temos de fazer as coisas acontecer. A caminhada que fizemos, os golos no fim, os desempates por penáltis, agora não contam nada. Temos de fazer acontecer. Claro que seria uma bela história, mas está nas nossas mãos, e a nossa prestação será o mais importante
O árbitro
François Letexier foi o escolhido para dirigir a final do Campeonato da Europa. O árbitro francês será auxiliado pelos compatriotas Cyril Mugnier e Mehdi Rahmouni. O polaco Szymon Marciniak será o quarto árbitro, enquanto que a dupla de vídeo-arbitragem será composta pelos franceses Jérôme Brisard e Willy Delajod.
O juiz de 35 anos, o mais jovem árbitro a apitar uma final do Campeonato da Europa, dirige encontros da seleção espanhola pela segunda vez. Letexier apitou o empate de 'La Roja' diante da República Checa na Liga das Nações em 2022, e esteve presente na goleada imposta pelos espanhóis à Geórgia por 4-1 nos oitavos de final do presente Euro 2024.
Por sua vez, o gaulês fará a sua primeira aparição em jogos de Inglaterra.
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