Megan Rapinoe, campeã mundial de futebol feminino pelos Estados Unidos em 2019, concedeu uma entrevista à BBC onde abordou as questões sociais pelas quais se tem batido ao longo dos anos.

A americana foi a primeira atleta branca a ajoelhar-se no hino norte-americano em 2016, num gesto de solidariedade com Colin Kaepernick, jogador da NFL que se viu envolvido em polémica pelo gesto.

"Sinceramente, tenho orgulho nisso. Tenho orgulho em dizer o que penso e fazer a coisa certa. Sinto que é assim que as mudanças acontecem", disse.

Referindo que os seus gestos a fizeram compreender melhor a situação à sua volta, apesar de não ter contado com o apoio nem da federação nem do treinador, Rapinoe admite que não foram tempos fáceis.

"Não foi uma altura confortável. Sem dúvida que senti a minha carreira internacional em risco (...) Mas podes escolher o que fazes no mundo, só tens de estar preparada para as consequências dos teus atos", afirmou.

A jogadora norte-americana considera que os atletas têm de utilizar a sua plataforma desportiva para dar voz na luta contra as desigualdades no mundo, apesar de muitas vezes não sofrerem com elas.

"Muitas vezes os atletas brancos, principalmente os homens, não sentem o efeito do que as outras pessoas fazem; não sofrem com os efeitos do racismo, do sexismo, da misoginia ou da desigualdade salarial. (...) A culpa não é necessariamente dessas pessoas - quem nasceu agora não fez do país o que ele é - mas isso não significa que não tenham uma responsabilidade com ele", notou.

A jogadora dos Seattle Reign deixou ainda críticas à falta de investimento no futebol feminino em Inglaterra.

"Penso que o futebol feminino em Inglaterra está no mesmo ponto que nos Estados Unidos - está atrás porque tem de lidar com a falta de investimento", disse, antes de dar como exemplo o caso do Manchester United.

"Estamos em 2020. Há quanto tempo é que a Premier League anda por aí? E só agora é que vemos um clube como o Manchester United a colocar o esforço e o dinheiro para criar um equipa feminina. Sinceramente, é vergonhoso", concluiu.