A Federação de Futebol dos Estados Unidos (USSF) divulgou esta terça-feira um relatório onde é descrito um clima de permanentes abusos verbais, físicos e sexuais na Liga Norte-americana de futebol feminino.
O documento tem por base a investigação feita pelo escritório de advogados 'King & Spalding', onde fica bem patente o ambiente de constantes abusos de várias naturezas a jogadoras, chegando mesmo a serem mencionados casos de comportamento sexual inadequado e "relações sexuais coercitivas".
O processo de investigação passou por mais de 200 entrevistas a ex-jogadoras, jogadoras no ativo, treinadores, proprietários de clubes e funcionários dos mesmos. Através deste meio, foi possível construir um sistema de manipulação baseado em comportamentos físicos e verbais violentos que transboradaram para as práticas sexuais supracitadas.
No relatório são mencionados os casos de três treinadores: Paul Riley, Rory Dames e Christy Holly. Dames foi treinador do Eclipse Select Soccer Club e, de acordo com os testemunhos de algumas das jogadoras da equipa, o técnico chamou-as de "putas", "cu gordo" e "retardadas", tendo também assediando-as sexualmente.
Rory Dames terá ainda, segundo o relatório, criado um clima de abusos verbais constantes durante uma partida contra as Chicago Red Stars. Apesar de mencionar apenas três casos de treinadores, o relatório refere que metade das equipas da Liga norte-americana de futebol feminino despediram os seus treinadores depois de receberem queixas das jogadoras.
Apesar disso, tal não impediu vários clubes a, aquando da saída de um treinador, emitir comunicados de imprensa a agradecer-lhe pelo serviço prestado.
Para além de casos individuais, o relatório atribuiu responsabilidades do sucedido aos clubes, à Liga e à própria USSF; o documento refere que estas entidades "não só falharam sistematicamente na hora de responder adequadamente às queixas dos jogadores e sinais de abuso, mas também na hora de estabelecer medidas de prevenção e tratamento", pode ler-se.
O documento defende que clubes, liga e federação, optaram por omitir estes casos, procurando assim evitar o escândalo mediático e um possível litígio com os treinadores; o relatório conclui assim que estas entidades não tiveram em conta a segurança e bem-estar das jogadoras.
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