A futebolista madeirense Telma Encarnação assegurou que vai manter-se no Marítimo até conquistar algum título pelo clube e perspetivou que o emblema ‘verde-rubro’ que disputa a I Liga feminina vai ser “ainda maior” em breve.

“Antes de sair quero ganhar alguma coisa com as cores do Marítimo, seja Taça da Liga, Taça de Portugal ou até mesmo o campeonato. Eu sei que este clube vai ser ainda maior”, disse à agência Lusa a atleta insular, que se tem destacado na I Divisão feminina e na seleção nacional.

Telma Encarnação dispensa apresentações no mundo do futebol. Com apenas 20 anos, já soma quatro temporadas no patamar mais alto do futebol português, somando ainda 48 internacionalizações por Portugal, 11 das quais pela seleção principal.

Estreou-se a marcar pela equipa AA das ‘quinas’ em junho do ano passado, diante da Nigéria, e não escondeu a emoção, tendo, inclusive, começado a chorar. A partida que terminou 3-3 integrava o torneio ‘Summer Series’ organizado pelos Estados Unidos.

Aos oito anos começou a jogar futebol num clube de Câmara de Lobos, de onde é natural, chamado ‘Os Xavelhas’, “numa equipa só de rapazes”.

“Com rapazes era mais difícil e cada vez que eu subia de escalão a dificuldade aumentava. Sentia que tinha de trabalhar ainda mais para conseguir jogar”, sublinhou a avançada, explicando que aos 13 anos chegou a proposta do Marítimo, pelo qual assinou, desde logo, um contrato de formação.

Em 2018, com apenas 16 anos, inscreveu o seu nome numa das páginas da história do clube do Almirante Reis: em 27 de maio desse mesmo ano, após bater o Condeixa por 6-0, o Marítimo subiu pela primeira vez à I Divisão, tornando-se na primeira equipa feminina, fora do território continental, a ascender ao patamar mais alto do futebol português.

No ano da grande façanha das ‘leoas’ da Madeira, Telma Encarnação assinou o seu primeiro contrato profissional e soma agora a quarta temporada na competição de ‘elite’ ao serviço das ‘verde-rubras’, com as quais tem contrato válido até 2025.

“Quando subimos eu não estava preparada para o que nos esperava. Percebi que o grau de dificuldade era muito maior, já o senti quando estávamos a lutar para lá chegar. O futebol tem muito mais ritmo do que o que estávamos habituadas aqui na região”, salientou à Lusa.

O Marítimo disputa atualmente a quarta temporada consecutiva na I Liga, integrando a fase de Apuramento de Campeão, sendo que, a quatro jornadas do fim, se encontra na terceira posição, com 18 pontos, a nove do líder Benfica (27) e a seis do segundo classificado, o Sporting (24).

O próximo embate das insulares acontece em 01 de maio, com a receção ao Benfica, ainda invicto nesta etapa da competição.

Quando questionada sobre a invencibilidade das ‘encarnadas’, Telma Encarnação garantiu que os números ficam à porta do estádio e que “dentro de campo é de igual para igual”.

“O nosso objetivo passa por manter o terceiro lugar e, obviamente, que queremos a vitória diante do Benfica na nossa casa. Vencerem-nos em casa é difícil e qualquer clube sabe disso”, reforçou a atleta maritimista, que tem uma média de um golo por jogo, levando já 22 tentos apontados na presente temporada.

Abordados os objetivos coletivos, a atleta câmara-lobense mostrou-se segura do que ainda procura alcançar em termos individuais

“A curto prazo, [quero] acabar o campeonato com bons resultados. A médio prazo, [pretendo] ganhar um título pelo Marítimo, seja ele qual for. A longo prazo, gostava muito de disputar uma Liga dos Campeões”, frisou.

O Marítimo tem apostado na formação feminina nos últimos cinco anos, possuindo neste momento todos os escalões, um total de 97 atletas, tendo se tornado recentemente a única equipa madeirense a criar escolinhas.

“Acho fantástico que isto esteja a acontecer. As meninas também querem jogar futebol e o que o Marítimo tem feito é corresponder a essa procura. Tem muita qualidade nos escalões mais jovens”, afirmou Telma Encarnação.

A atleta admite que sentiu falta de um exemplo na altura em que começou a praticar futebol, porque “não havia uma equipa madeirense na I Liga”. Agora sente o “peso da responsabilidade” de ser o que não teve.

“Sinto que tenho mais responsabilidade, porque há crianças que se inspiram em mim e querem seguir o meu exemplo”, destacou relembrando “que não é fácil lá chegar e muito menos se manter”, mas as “oportunidades têm de ser agarradas com todas as forças”.

Para Catarina Silva, atleta da formação maritimista, “é uma grande inspiração” ver atletas conterrâneas a atingir patamares altos na modalidade e que “faz acreditar que também é possível lá chegar”.

 Ao comentar o percurso de Telma Encarnação, uma jogadora com “um potencial incrível”, a atleta de 16 anos que atua na equipa júnior, não escondeu a admiração que tem pela colega de clube, que acredita que “poderá vir a ser umas das melhores avançadas da Europa ou até mesmo do mundo”.