O Governo brasileiro reafirmou hoje que “repudia, nos mais fortes termos, os ataques racistas que o atleta brasileiro Vinícius Júnior vem sofrendo reiteradamente na Espanha” e deve convocar a embaixadora do país europeu para abordar o caso.
“Tendo em conta a gravidade dos factos e a ocorrência de mais um inadmissível episódio, em jogo realizado ontem, naquele país [Espanha], o Governo brasileiro lamenta profundamente que, até o momento, não tenham sido tomadas providências efetivas para prevenir e evitar a repetição desses atos de racismo”, afirmou o comunicado conjunto dos ministérios das Relações Exteriores, da Igualdade Racial, da Justiça e Segurança Pública, do Desporto e dos Direitos Humanos.
No mesmo comunicado, o Governo sul-americano acrescentou que “insta as autoridades governamentais e desportivas da Espanha a tomarem as providências necessárias, a fim de punir os perpetradores e evitar a recorrência desses atos. Apela, igualmente, à FIFA, à Federação Espanhola e à Liga a aplicar as medidas cabíveis”.
O executivo brasileiro também declarou que tem atuado em cooperação com o Governo da Espanha para coibir e reprimir atos racistas e promover políticas de igualdade racial e compartilhar conhecimento e boas práticas para ampliar o acesso de pessoas afrodescendentes e imigrantes ao desporto com total intolerância a toda e qualquer prática discriminatória.
Os ‘media’ brasileiros informaram hoje que o Ministério das Relações Exteriores deverá chamar a embaixadora da Espanha no Brasil, María del Mar Fernández Palacios, para dar explicações após o novo caso de racismo sofrido pelo futebolista que joga no Real Madrid, que tem sido ofendido pelo inúmeras vezes com insultos racistas em estádios da Espanha.
No domingo, a embaixada espanhola no Brasil afirmou, através da rede social Twitter, que condenava "com veemência as manifestações e atitudes racistas e expressa total solidariedade ao jogador pelos ataques intoleráveis e covardes sofridos” nesse dia, “que de nenhuma maneira refletem as posições antirracistas da absoluta maioria da população espanhola”.
O novo ataque racista cometido contra Vinícius Júnior por adeptos dentro de estádios na Espanha já havia sido condenado pelo Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, em declarações à margem da cimeira do G7, na cidade japonesa de Hiroxima, no domingo.
“Não é justo que um jovem pobre que venceu na vida e está se tornando um dos melhores jogadores de futebol sofra esse tipo de ataque”, declarou Lula da Silva, que destacou que “não podemos permitir que o fascismo e o racismo tomem conta do futebol e dos estádios".
Depois da repercussão do caso, que inicialmente foi tratado como incidente isolado embora imagens mostrem dezenas de adeptos do Valência chamando em coro o futebolista brasileiro, que é negro, de macaco antes do jogo começar, a justiça espanhola anunciou a abertura de uma investigação.
De acordo com a Procuradoria do Ministério Público de Valência, em causa está um “alegado crime de ódio”, que também foi apanhado em imagens realizadas por adeptos dentro do estádio.
Nos últimos meses, Vinícius Júnior, de 22 anos, tem sido alvo de vários insultos racistas e, no final de janeiro, o jogador foi o protagonista de um episódio que levou a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) a enviar uma carta às entidades que regem o futebol (FIFA, UEFA e Conmebol) a solicitar medidas concretas para punir os comportamentos racistas e aumentar a consciencialização sobre o tema.
No Estádio Mestalla, em Valência, Vinícius, que acabou expulso depois de agredir um adversário, no final do encontro (90+7), que os ‘merengues’ perderam por 1-0, criticou a Liga espanhola e os adeptos com uma mensagem publicada nas redes sociais.
“Não foi a primeira vez, nem a segunda, nem a terceira. O racismo é normal na LaLiga. A competição acha que é normal, a federação acha que é normal e os adversários encorajam-no. Lamento-o. O campeonato que já pertenceu a Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi hoje pertence aos racistas", escreveu o futebolista no Twitter.
O Real Madrid também já informou ter apresentado uma queixa na Procuradoria-Geral “por delitos de ódio e discriminação” para com o internacional 'canarinho'.
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