Pelo menos 174 pessoas morreram devido a uma invasão de campo após um jogo de futebol na ilha indonésia de Java, no sábado à noite, avançaram as autoridades, tornando o incidente numa das piores tragédias ocorridas num estádio.

"Às 09:30 [hora local, 03:30 em Lisboa] o número de mortos aumentou para 158, e às 10:30 para 174. Estes são os dados recolhidos pela East Java Disaster Management Agency”, disse o vice-governador da província, Emil Dardak, na Kompas TV, segundo a agência francesa AFP.

O balanço anterior inicial era de 129 mortos e 180 feridos.

As autoridades tinham alertado para a possibilidade de o número de vítimas mortais aumentar, dada a gravidade dos ferimentos de algumas das pessoas.

A maioria das vítimas morreu durante uma debandada causada pelos distúrbios, avançou a agência indonésia DPA.

Após o apito final no Estádio Kanjuruhan, em Malang, em que consumava a derrota Arema, onde jogam os portugueses Abel Camará e Sérgio Silva, os adeptos da equipa da casa invadiram o relvado e a polícia local optou por dispersá-los com gás lacrimogéneo, um método que está proibido pela FIFA.

Trata-se de uma das piores tragédias de sempre num estádio de futebol, depois dos 318 mortos em confrontos entre adeptos do Peru e da Argentina no Estádio Nacional de Lima, em 1964.

O incidente ocorreu no sábado à noite, Estádio Kanjuruhan, na cidade de Malang, em Java Oriental, após a derrota da equipa da casa, o Arema FC, frente ao Persebaya Surabaya, por 3-2.

O treinador português Eduardo Almeida orientou, até ao início de setembro, o Arema FC, quarto classificado do último campeonato indonésio, que contava no plantel com o português Sérgio Silva e o guineense Abel Camará.

Foi a primeira derrota do Arema em casa no dérbi reigonal com o Persebaya em 23 anos, segundo o jornal indonésio Kompas.

Milhares de adeptos claque do Arema, conhecida como “Aremania”, reagiram atirando garrafas e outros objetos a jogadores e elementos das equipas.

Os adeptos descontentes invadiram o campo e envolveram-se em confrontos com as claques da equipa rival, provocando o caos no estádio.

A polícia reagiu e disparou gás lacrimogéneo, inclusive em direção às bancadas do estádio, causando o pânico entre a multidão.

Centenas de pessoas correram para uma porta de saída numa tentativa de escapar não só à violência, mas também ao gás lacrimogéneo.

Algumas morreram de asfixia, enquanto outras foram espezinhadas até à morte, disseram as autoridades locais.

Os tumultos espalharam-se para fora do estádio, onde dois agentes da polícia foram mortos e pelo menos cinco veículos da polícia foram incendiados.

Sobreviventes disseram que muitos espetadores em pânico foram apanhados pela multidão em fuga quando a polícia disparou gás lacrimogéneo, segundo a AFP.

Num discurso televisivo, o Presidente indonésio, Joko Widodo, ordenou hoje “uma avaliação abrangente dos jogos de futebol e dos procedimentos de segurança”.

A federação indonésia anunciou a suspensão do campeonato da primeira divisão por uma semana, e proibiu o Arema FC de jogar no seu estádio jogos até ao fim da temporada.

*Notícia atualizada às 09h07