Na sequência dos estudos hoje divulgados pela FIFA, que antecipam uma subida de 4,4 mil milhões de dólares (3,9 mil milhões de euros) com receitas de bilheteira, patrocínios e direitos de transmissão televisiva com mundiais de 48 seleções, de dois em dois anos, e um impacto total de 180 mil milhões (159) na economia global, o dirigente salientou que o aumento do ‘bolo’ pode diminuir o ‘fosso’ entre a Europa e o resto do mundo.
“70% dos proveitos em jogos internacionais de seleções ficam na Europa. E 30% das receitas vai para o resto do mundo, que inclui cerca de 160 seleções. Com a nossa proposta, temos uma distribuição de 60% para a Europa e de 40% para o resto do mundo. Mas a Europa faz mais dois mil milhões de dólares do que hoje, com os 70%”, disse, na conferência de imprensa que se seguiu à reunião que teve 207 das 210 federações nacionais que compõem o organismo.
Com maiores rendimentos, acrescentou Infantino, a FIFA pode encurtar a margem que separa “ricos e pobres”, “grandes e pequenos”, ao investi-los no “desenvolvimento do futebol pelo mundo inteiro”.
“Organizamos um pouco mais de 1% de todos os jogos oficiais de futebol, mas estamos a utilizar o dinheiro para investir no futebol na globalidade. Temos de pensar numa solução que beneficie toda a gente sem prejudicar ninguém”, frisou.
O suíço defendeu ainda que o “prestígio dos mundiais de futebol” reside “no impacto que têm no mundo”, com quatro mil milhões de pessoas a assistirem, e não na frequência com que se realizam, tendo lembrado que apenas 20% dos membros da FIFA participam, com os restantes 80% a “verem pela televisão”.
No âmbito da transformação do calendário apresentada em setembro, com uma ‘janela’ prolongada para as competições de seleções, em outubro e novembro, o presidente da FIFA sugeriu ainda que a Taça das Nações Africanas (CAN) pode vir a realizar-se em outubro e enalteceu o facto de o mundo do futebol ver hoje a realização da prova no inverno como “um problema”.
“Há uns anos, ninguém quereria saber se a CAN era disputada em janeiro ou em fevereiro. Hoje os jogadores africanos estão em equipas europeias de topo e têm de as deixar a meio das competições”, observou.
Questionado sobre o momento em que a FIFA pretende tomar a decisão quanto à mudança do calendário competitivo internacional, o presidente afirmou que o organismo vai “demorar o tempo que for preciso”, tendo reconhecido que “há muita oposição”, mas também “imensas vozes a favor”.
Ao lado de Gianni Infantino, o antigo treinador do Arsenal Arsène Wenger disse que “90% da oposição se baseia em emoções e não em factos” e ainda que é preciso garantir “educação e competição de topo” no desenvolvimento dos jovens futebolistas, para que a modalidade propicie cada vez mais “eventos com significado”.
“Há procura na sociedade, principalmente entre os mais jovens, por eventos com significado. Se o futebol não os criar, outro desporto vai-o fazer”, avisou o francês, atual diretor da FIFA para o desenvolvimento global e responsável pela transformação do calendário competitivo.
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