Jesualdo Ferreira voltou hoje a sagrar-se campeão egípcio pelo Zamalek, oito anos depois, realçando o ‘selo’ partilhado com outros quatro treinadores portugueses nos êxitos no principal escalão daquele país.
Com a derrota do Pyramids na visita ao Future (0-1), em partida da 32.ª e antepenúltima jornada, os ‘brancos’ festejaram já o 14.º cetro, e segundo consecutivo, na véspera da receção ao Al Ittihad, um mês após terem arrebatado a Taça do Egito da época 2020/21.
O Zamalek tem 75 pontos, contra 68 do Pyramids, que tem mais um encontro e só pode somar mais seis pontos até final, num pódio fechado pelo Al-Ahly, recordista de títulos, com 42, que regista 64 pontos e é treinado desde junho pelo português Ricardo Soares.
Jesualdo Ferreira, cujo regresso ao comando do clube de Gizé se consumou em março, reeditou o êxito de 2014/15 - numa campanha então principiada pelo compatriota Jaime Pacheco -, para reavivar a relação frutífera dos treinadores lusos com o futebol egípcio.
Num país cuja seleção principal é atualmente comandada por Rui Vitória, Nelo Vingada levou os rivais Zamalek (2003/04) e Al-Ahly (2008/09) ao topo, por entre a ‘dinastia’ de seis títulos de Manuel José (2004/05, 2005/06, 2006/07, 2007/08, 2008/09 e 2011/11) no Cairo, onde José Peseiro também arrebatou um campeonato pelas ‘águias vermelhas’.
Jesualdo Ferreira, de 76 anos, acrescentou o 14.º título da carreira ao seu currículo, no qual figuram um ‘tricampeonato’ português ao serviço do FC Porto (2006/07, 2007/08 e 2008/09), e uma Liga do Qatar pelo Al-Sadd (2018/19), além de várias taças nacionais.
O mirandelense acompanha mais de quatro dezenas de compatriotas vitoriosos além-fronteiras, tendo contribuído para que o Egito seja a nação onde há mais campeonatos arrebatados por técnicos lusos (11), num continente africano com 21 casos de sucesso.
Se Bernardino Pedroto festejou cinco vezes em Angola - três pelo ASA e dois pelo Petro Luanda -, sete treinadores vingaram em Moçambique e foram registadas conquistas em Cabo Verde, Líbia, Marrocos e Tunísia, com Carlos Gomes a impor-se como o primeiro português vitorioso fora do próprio país, em 1970/71, através dos argelinos do MC Oran.
Na Europa, os treinadores lusos já ganharam em 13 países, sem contar com Portugal, incluindo conquistas em quatro dos cinco principais campeonatos do ‘velho continente’, além Bulgária, Chipre, Grécia, Israel, Luxemburgo, Roménia, Rússia, Suíça e Ucrânia.
O maior responsável por este currículo é José Mourinho, que ainda é o único a triunfar em Espanha, pelo Real Madrid (2011/12), em Inglaterra, onde foi tricampeão pelo Chelsea (2004/05, 2005/06 e 2014/15), e em Itália, ‘bisando’ no Inter Milão (2008/09 e 2009/10).
O atual técnico dos transalpinos da Roma nunca trabalhou na Alemanha ou em França, nação onde já chegaram a vencer Artur Jorge, pelo Paris Saint-Germain, em 1993/94 e 1994/95, e, mais recentemente, em 2016/17, Leonardo Jardim, ao serviço do Mónaco.
Na Ásia, constatam-se ‘bandeiras’ lusas em nove nações - Arábia Saudita, China, Coreia do Sul, Hong Kong, Macau, Malásia, Maldivas, Qatar e Vietname -, com destaque para José Morais, após dois cetros nos coreanos do Jeonbuk e um pelos sauditas do Al-Hilal.
Brasil e Equador, ambos na América do Sul, engrossaram recentemente a tabela de 32 países que viram técnicos lusitanos bem-sucedidos, através de Jorge Jesus, vencedor com o Flamengo (2019), e Renato Paiva, triunfador no Independiente del Valle (2021).
Se não há qualquer vitória na Oceânia, o historial na América do Norte resume-se ao ‘bi’ de Guilherme Farinha na Costa Rica, em representação do Alajuelense, em 1999/00 e 2000/01, e ao título mexicano de Pedro Caixinha com o Santos Laguna, em 2014/15.
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